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segunda-feira, junho 24, 2024

A Injustiça Eterna: A Perseguição a Capitu


Por Enéas Bispo 

Em Dom Casmurro, Machado de Assis tece uma narrativa que, a princípio, parece ser uma simples história de amor. No entanto, a dúvida sobre a traição de Capitu se torna o cerne da trama, alimentando debates acalorados até os dias de hoje.

Mas por que essa obsessão em desvendar a verdade sobre a suposta traição? Será que a fascinação reside na busca por um veredicto definitivo, na necessidade de condenar ou absolver Capitu? Ou será que essa busca esconde algo mais profundo, um desejo de controlar a narrativa, de impor uma verdade única sobre a vida de uma personagem fictícia?

Ao expor Capitu à desconfiança e ao julgamento, Machado, mesmo que sem intenção, contribui para a perpetuação de uma cultura de linchamento moral. A personagem se torna alvo de fofocas e especulações, como se sua vida privada fosse um espetáculo a ser dissecado pelo público.

É importante lembrar que Capitu é uma personagem literária, uma criação da mente de Machado de Assis. Ela não é uma pessoa real, com seus próprios pensamentos e sentimentos. Reduzir sua complexa existência à mera questão da traição é um desserviço à obra e à própria personagem.

Ao invés de nos concentrarmos em julgar Capitu, deveríamos nos debruçar sobre a riqueza da obra de Machado. Devemos explorar os temas que ele aborda, as nuances dos personagens e a genialidade de sua escrita.

Afinal, a verdadeira traição reside naqueles que se recusam a ver a humanidade por trás da ficção, que insistem em reduzir personagens complexas a meras caricaturas.

Em vez de perseguir Capitu com julgamentos infundados, que tal celebrarmos a genialidade de Machado de Assis e a riqueza de sua obra?

quinta-feira, novembro 16, 2023

O Peso da Culpa


Por Enéas Bispo 

Todos nós já fizemos algo de que nos arrependemos. Alguma mentira, traição, injustiça ou crueldade que nos atormenta e nos faz sentir culpados. Mas será que a culpa é apenas um sentimento ruim, ou ela tem alguma função na nossa vida?

A culpa é uma emoção que surge quando percebemos que violamos algum valor, norma ou expectativa que consideramos importante. Ela nos mostra que agimos de forma contrária ao que acreditamos ser certo, e que isso pode ter consequências negativas para nós mesmos ou para os outros. A culpa, portanto, é um sinal de que algo está errado e precisa ser corrigido.

A culpa pode ter efeitos positivos ou negativos, dependendo de como lidamos com ela. Se a culpa nos leva a reconhecer o nosso erro, pedir desculpas, reparar o dano causado e evitar repetir a mesma falha no futuro, ela pode ser uma fonte de aprendizado, crescimento e reconciliação. Nesse caso, a culpa é um peso que nos impulsiona a mudar para melhor.

Por outro lado, se a culpa nos paralisa, nos faz sentir indignos, nos impede de perdoar a nós mesmos ou aos outros, ou nos leva a repetir o mesmo comportamento nocivo, ela pode ser uma fonte de sofrimento, estagnação e conflito. Nesse caso, a culpa é um peso que nos afunda na angústia.

A diferença entre esses dois tipos de culpa está na forma como interpretamos e avaliamos o nosso erro. Se o vemos como uma oportunidade de aprender e melhorar, podemos transformar a culpa em arrependimento, que é um sentimento mais construtivo e saudável. Se o vemos como uma prova de que somos maus ou incapazes, podemos transformar a culpa em vergonha, que é um sentimento mais destrutivo e prejudicial.

A culpa, portanto, não tem um peso fixo. Ela pode ser mais leve ou mais pesada, dependendo de como a enfrentamos. O importante é não deixar que ela se torne um fardo insuportável que nos impede de viver plenamente. A culpa pode ser uma oportunidade de mudança, se soubermos aproveitá-la.