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quinta-feira, novembro 16, 2023

O Peso da Culpa


Por Enéas Bispo 

Todos nós já fizemos algo de que nos arrependemos. Alguma mentira, traição, injustiça ou crueldade que nos atormenta e nos faz sentir culpados. Mas será que a culpa é apenas um sentimento ruim, ou ela tem alguma função na nossa vida?

A culpa é uma emoção que surge quando percebemos que violamos algum valor, norma ou expectativa que consideramos importante. Ela nos mostra que agimos de forma contrária ao que acreditamos ser certo, e que isso pode ter consequências negativas para nós mesmos ou para os outros. A culpa, portanto, é um sinal de que algo está errado e precisa ser corrigido.

A culpa pode ter efeitos positivos ou negativos, dependendo de como lidamos com ela. Se a culpa nos leva a reconhecer o nosso erro, pedir desculpas, reparar o dano causado e evitar repetir a mesma falha no futuro, ela pode ser uma fonte de aprendizado, crescimento e reconciliação. Nesse caso, a culpa é um peso que nos impulsiona a mudar para melhor.

Por outro lado, se a culpa nos paralisa, nos faz sentir indignos, nos impede de perdoar a nós mesmos ou aos outros, ou nos leva a repetir o mesmo comportamento nocivo, ela pode ser uma fonte de sofrimento, estagnação e conflito. Nesse caso, a culpa é um peso que nos afunda na angústia.

A diferença entre esses dois tipos de culpa está na forma como interpretamos e avaliamos o nosso erro. Se o vemos como uma oportunidade de aprender e melhorar, podemos transformar a culpa em arrependimento, que é um sentimento mais construtivo e saudável. Se o vemos como uma prova de que somos maus ou incapazes, podemos transformar a culpa em vergonha, que é um sentimento mais destrutivo e prejudicial.

A culpa, portanto, não tem um peso fixo. Ela pode ser mais leve ou mais pesada, dependendo de como a enfrentamos. O importante é não deixar que ela se torne um fardo insuportável que nos impede de viver plenamente. A culpa pode ser uma oportunidade de mudança, se soubermos aproveitá-la.

sexta-feira, novembro 10, 2023

O amor como uma forma de transcendência: uma perspectiva metafísica


Por Enéas Bispo

O amor é um dos sentimentos mais universais e profundos que o ser humano pode experimentar. Mas o que é o amor, do ponto de vista metafísico? Como ele se relaciona com a realidade última das coisas, com o sentido da existência e com a busca pela felicidade?

Neste artigo, vamos explorar algumas possíveis respostas a essas questões, baseadas em diferentes concepções filosóficas e religiosas sobre o amor. Vamos ver como o amor pode ser entendido como uma forma de transcendência, ou seja, como uma maneira de superar os limites do mundo material e temporal, e de se conectar com algo maior e mais profundo.

Uma das visões mais clássicas sobre o amor é a de Platão, que o concebe como um desejo de beleza e de bem, que leva o amante a ascender do amor pelos corpos ao amor pelas ideias, até chegar ao amor pelo Bem supremo, que é a fonte de toda a realidade. Para Platão, o amor é um caminho de purificação e de elevação da alma, que se liberta das paixões e das ilusões do mundo sensível, e se aproxima da verdade e da sabedoria.

Outra visão influente sobre o amor é a de Agostinho, que o define como a inclinação da vontade para o que é percebido como bom. Para Agostinho, o amor é o que move o ser humano em sua busca pela felicidade, mas também o que pode desviá-lo do seu verdadeiro fim, que é Deus. O amor humano é marcado pelo pecado e pela desordem, e precisa ser ordenado e orientado pelo amor divino, que é a fonte de todo o bem e de toda a graça.

Uma visão mais contemporânea sobre o amor é a de Martin Buber, que o entende como uma relação entre duas pessoas, que se reconhecem como sujeitos e não como objetos. Para Buber, o amor é uma forma de diálogo, de encontro e de comunhão, que revela a dimensão interpessoal e transcendente da existência. O amor é uma maneira de dizer "tu" ao outro, e de se abrir para a presença do "Eterno Tu", que é Deus.

Essas são apenas algumas das possíveis abordagens metafísicas do amor, que mostram como esse sentimento pode ser visto como uma forma de transcendência, de ir além do que é imediato e superficial, e de se conectar com o que é essencial e profundo. O amor, assim, pode ser considerado como uma das expressões mais nobres e significativas da natureza humana, e como uma das vias mais autênticas para a realização pessoal e espiritual.