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quarta-feira, outubro 09, 2024

Arte ou Lixo? Funcionário de Museu Descarta Obra de Arte por Engano


Por Enéas Bispo*

Em um incidente inusitado, um funcionário do Museu de Arte de Lisser (LAM) descartou acidentalmente uma obra de arte moderna, confundindo-a com lixo. A peça, intitulada "All The Good Times We Spent Together", do artista francês Alexandre Lavet, consiste em duas latas de cerveja pintadas à mão e estava exposta em um elevador envidraçado do museu.

O funcionário, que estava cobrindo o técnico regular, viu as latas e presumiu que haviam sido deixadas por visitantes descuidados. Sem saber do valor artístico das latas, ele as jogou no lixo. A curadora do museu, Elisah van den Bergh, notou a ausência da obra e iniciou uma investigação que levou à recuperação das latas antes que fossem definitivamente descartadas.

"Não houve má vontade em relação ao técnico. Ele estava apenas fazendo seu trabalho de boa fé", afirmou Sietske van Zanten, diretora do LAM. "De certa forma, isso é um testemunho da eficácia da arte de Alexandre Lavet. Nossa coleção incentiva os visitantes a verem objetos do cotidiano sob uma nova perspectiva".

As latas foram limpas e agora estão em destaque na entrada do museu, onde podem ser apreciadas por todos os visitantes.Este incidente levanta a questão: o que define a arte? E como podemos distinguir entre arte e lixo?

*FONTE: EuroNews

quinta-feira, agosto 29, 2024

Criança Quebra Acidentalmente Pote de Barro de 3.500 Anos em Museu

Por Enéas Bispo*

Haifa, Israel* – Um incidente inusitado ocorreu no Museu Hecht, localizado na Universidade de Haifa, quando um menino de quatro anos quebrou acidentalmente um pote de barro de 3.500 anos. O artefato, datado da Idade do Bronze, era considerado uma peça rara devido à sua condição intacta antes do incidente.

O episódio aconteceu durante uma visita familiar ao museu. Movido pela curiosidade, o menino tocou o pote, que estava exposto sem proteção de vidro, próximo à entrada do museu. O objeto caiu e se quebrou, causando um grande susto no pai da criança, que imediatamente procurou um segurança para relatar o ocorrido.

O Museu Hecht, conhecido por sua coleção de itens arqueológicos e artísticos, afirmou que não considera que a ação da criança tenha sido intencional. A exposição de objetos históricos sem barreiras físicas é uma prática adotada pelo museu para tornar os itens mais acessíveis ao público. "Existe um encanto especial em apreciar um achado arqueológico 'olho no olho' e sem barreiras", afirmou um porta-voz do museu.

Apesar do incidente, o museu não pretende mudar sua política de exposição. A peça será restaurada por especialistas da escola de arqueologia e culturas marinhas da Universidade de Haifa, e o processo de restauração será documentado e apresentado ao público.

O pai do menino, ainda abalado, comentou que seu filho apenas queria ver o que havia dentro do pote. A família foi convidada a retornar ao museu para um passeio organizado, onde poderão aprender mais sobre a importância da preservação de artefatos históricos.

O Museu Hecht continuará a sua missão de tornar a história acessível a todos, mantendo a tradição de expor peças antigas sem barreiras, mesmo após este raro incidente.

*Com informações  do Estadão,  A Crítica e O Povo

domingo, dezembro 09, 2012

*A Maneira de ver a Arte



Girassóis não são ninféias. Ver Arte não se limita às prosaicas e constrangedoras afirmações de pessoas que se desculpam dizendo que não conhecem bem arte mas que gostam de algo – isso ou aquilo - que colocariam nas paredes de suas próprias residências ou ainda no descaso de afirmar que uma criança seria capaz de produzir algo que se vê nas paredes de um Museu de Arte Contemporânea. Arte verdadeira não é essencialmente decoração de ambientes (apesar de poder ser bela e possuir alta potência estetizante, o que não lhe conjura a epifania da beleza como virtude possivel) nem é consolo de lembranças de um passado perdido, povoado de figuras retroativas de cavalos ou paisagens rurais.
Crianças nunca serão capazes de produzir originalmente obras de Miró, de Albers, de Pollock, Dubuffet ou Karel Appel. Por mais que os próprios artistas tenham se apropriado ou se inspirado na espontânea audácia da gestualidade infantil. Arte é coisa mental e se produz a partir de um complexo processo de reflexões, de sensibilidade, de transfiguração inconsciente, de apuro técnico, de amplo domínio dos mecanismos de pesquisa e procura dos métodos de fazer, de tecnologia e da aplicação destes conhecimentos colecionados. Imaginação produz universos imaginários.
André Malraux justificava o investimento na construção e na dimensão do acervo contemporâneo do Beaubourg (Centro Nacional de Arte Contemporânea Georges Pompidou) no Marais, em Paris (por ocasião da remoção do Mercado Les Halles para fora da cidade) para conjurar o conservadorismo e o anacronismo crescente do olhar da sociedade francesa frente à Arte, nos anos sessenta. Uma forma de refrescar o pensamento e recondicionar a maneira de ver a Arte Contemporânea sem o reumatismo de se desejar ver sempre o que se gosta ou o que já está rotulado como aceitável. Narcisismo e conforto fossilizados. Cavalos e girassóis. Passados 40 anos a aposta de Malraux deu certo e o Beaubourg, inicialmente recebido com relutância, revolta e desconforto pelos parisienses hoje ocupa a posição de Museu mais visitado do mundo, superando em interesse, em número de ingressos, pesquisas e estudos o próprio Museu do Louvre. É isso o que justifica a presença das Bienais de São Paulo e do MERCOSUL entre nós. Aprender a ver novamente. São propostas de reflexão e canais de discussão para novas linguagens e para aprimorar os caminhos da Arte. A Arte que precisa melhorar nas suas proposições, no seu acabamento, nas suas montagens que necessitam ser mais profissionais, melhor finalizadas, melhor iluminadas, em locais menos improvisados. Isso requer mais investimentos e menos amadorismo. É preciso ver melhor, com menos preconceito, com mais abertura intelectual, é necessário ser muito mais exigente. As Ninféias de Claude Monet foram concebidas e doadas para um espaço a ser criado após o desaparecimento do pintor. Elas não foram criadas para o mercado de arte. Na síntese absoluta da concentração do pintor com a natureza criada em sua casa-jardim em Giverny, elas estabeleceram uma nova linguagem de iconografias e apontaram um dos caminhos para a abstração no século XX. Ninféias não são cavalos.

*Texto: Alfredo Aquino - Artista plástico, curador de exposições, escritor e editor
Artigo publicado no Usina do Porto - O Jornal da Cultura/Porto Alegre-RS-Brasil
www.usinadoporto.com.br  - Foto: Enéas Bispo de Oliveira