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terça-feira, setembro 13, 2011

No voo de um anjo


Estavas onde os anjos devem estar:
sob as arcadas, nos portais, no crepúsculo
morno dos alpendres sobre a praia,
e se tinhas asas eram transparentes e velozes
como as dos insectos que o vento arrasta
para a indecifrável perdição das noites.
suponho que me vigiavas como se vigiam,
na solidão do Outono, os moribundos,
não porque cobiçasses a minha alma
ou o silêncio lunar das minhas queixas
entre o queijo e as uvas das tardias ceias,
Vinhas dos gelos das catedrais, muito longe,
dos sótãos do assombro das lendas,
e voavas sempre, entre a margem
e as copas das árvores sem nome.
E eu que te chamava anjo em nada crendo,
segui o teu rasto através da areia
e nem à boca das estrelas revelei o teu nome.


Texto: José Jorge Letria