Ah, a vida na Terra! Um presente divino, uma benção da natureza, uma experiência sublime... para alguns. Para nós, Homo sapiens, essa "dádiva" vem com uma fatura anexada, e não é daquelas que você pode ignorar e esperar que sumam magicamente. Somos a única espécie que, em vez de simplesmente existir e aproveitar o banquete da natureza, decidiu que seria muito mais divertido pagar para estar aqui.
O Zoológico Humano: Entrada Paga e Sem Saída
Pense bem: o leão ruge, caça, dorme e não se preocupa com o aluguel da savana. A abelha poliniza, faz mel e ninguém lhe cobra taxa de condomínio pelo apiário. O peixe nada livremente no oceano, sem se estressar com parcelas atrasadas do financiamento da nadadeira. Mas nós, os ditos "seres superiores", inventamos um sistema genial onde, para ter o privilégio de respirar o ar que deveria ser gratuito, precisamos desembolsar quantias obscenas.
Começa cedo. Para nascer, já tem o hospital (a não ser que você seja muito raíz e decida ter seu filho no meio da floresta, mas aí virá o IBAMA para te cobrar pelo uso indevido do ambiente natural). Depois, vem a educação, essa benção que nos prepara para a gloriosa jornada de... pagar mais. Pagamos para aprender a pagar, é uma meta-cobrança de tirar o chapéu.
A Roda da Ratoeira Dourada
E a vida adulta? Ah, a vida adulta é um festival de boletos! Aluguel ou prestação da casa (uma caverna com aquecimento central e Wi-Fi), contas de luz, água, gás (porque o sol e a chuva, pasmem, não são suficientes para nos aquecer e matar a sede sem custo adicional). E não esqueçamos da comida, esse pequeno detalhe essencial para a sobrevivência que, ironicamente, vem com preço. Imagine um pássaro comprando comida no supermercado. Parece absurdo, não é? Mas para nós, é a mais pura e cruel realidade.
Se você ousa ter um pouco de tempo livre, prepare-se: pagar para se divertir. Cinema? Pago. Academia? Pago. Viajar para ver a natureza? Pago (passagens, hospedagem, taxas de "preservação" que ninguém sabe para onde vão). Parece que a Terra nos diz: "Bem-vindo! Agora, me pague por cada metro quadrado que você pisa, por cada gota de água que bebe e por cada mísero momento de alegria que você ousa sentir."
O Legado do Pagamento Perpétuo
E o mais irônico é que, mesmo depois de uma vida inteira pagando para viver, o grand finale também vem com custo. Sim, até para deixar este plano terreno, precisamos pagar. Taxas de cemitério, crematório, serviços funerários... é como se a Terra não quisesse que saíssemos daqui sem deixar um último trocado. Uma despedida digna do animal mais "inteligente" do planeta: aquela que paga até para descansar em paz.
Então, da próxima vez que você vir um gato dormindo tranquilamente ao sol, sem boleto para pagar, ou um pássaro cantando sem se preocupar com o imposto de renda, reflita. Talvez o "privilégio" de sermos humanos e de termos inventado o dinheiro seja, na verdade, nossa maior maldição. Afinal, somos o único animal que paga para viver na Terra, e o pior: parece que gostamos da ideia. Ou será que simplesmente não encontramos a opção de "cancelar assinatura"?
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