Cozinhar é mais do que uma atividade cotidiana ou uma necessidade básica. Cozinhar é também um ato político, uma forma de resistir, de se afirmar, de se comunicar, de se educar e de se emancipar. A culinária é uma linguagem que revela a identidade, a cultura, a história e a memória de um povo. Ao mesmo tempo, a culinária é uma ferramenta que pode ser usada para questionar, criticar, denunciar e transformar as estruturas de poder, as desigualdades, as injustiças e as opressões que marcam a sociedade.
Cozinhar é resistir quando se valoriza e se preserva a diversidade gastronômica, os saberes e os fazeres tradicionais, os ingredientes locais e sazonais, as receitas ancestrais e as práticas sustentáveis. Cozinhar é resistir quando se recusa a padronização, a homogeneização, a industrialização, a mercantilização e a alienação da alimentação. Cozinhar é resistir quando se combate o desperdício, a fome, a má nutrição, a exploração, a violência e a degradação ambiental que estão relacionados ao sistema alimentar dominante.
Cozinhar é resistir quando se cria e se compartilha pratos que expressam a identidade, a cultura, a história e a memória de um povo. Cozinhar é resistir quando se usa a culinária como uma forma de comunicação, de educação, de conscientização e de mobilização social. Cozinhar é resistir quando se promove o diálogo, o respeito, a solidariedade, a cooperação e a diversidade entre os diferentes povos, culturas e sabores. Cozinhar é resistir quando se busca a autonomia, a dignidade, a soberania e a justiça alimentar para todos e todas.
Cozinhar é, portanto, um ato político, que pode contribuir para a construção de uma sociedade mais democrática, mais plural, mais inclusiva e mais humana. Cozinhar é um ato de amor, de cuidado, de afeto e de esperança. Cozinhar é um ato de vida.