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| Fotografia: Enéas Bispo de Oliveira |
Estar ao lado é uma especialidade das mulheres, como se sabe. Não que sejam todas iguais. Algumas desenvolvem mais, outras menos, essa característica. Algumas nem a possuem. E há homens, embora isso seja raro, que a possuem tanto quanto as mulheres. Mas há algo intrínseco à condição feminina, algo de sua natureza profunda, que as torna por excelência os serem com quem mais se conta, e para os quais mais se volta, quando o que se requer é uma presença ao lado. Por "presença ao lado" deve-se entender aqui a presença física, mas não apenas. É também o ato de pôr-se disponível, solidarizar-se, entregar-se. Há uma palavra que resumiria isso tudo, mas pronunciá-la quem há de? O risco é grande de cair no mau gosto, no território minado dos dramalhões de folhetim, ou das pregações de padre. Quem há de? Vá lá, ousemos dizer o que se deve calar. A palavra é amor. Dar amor é com as mulheres mesmo. Isso nada tem a ver com submissão, ou subserviência, ou outro nome que lembre a opressão que as persegue. Tem a ver com fatores mais radicais e primitivos. Talvez com o fato de darem à luz, e depois ainda amamentarem. Cuidar dos outros é um imperativo que, mais que aos homens, a natureza lhes reservou.
Texto_ Roberto Pompeu de Toledo

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