Recorde de Pobreza Energética: Mais de um Terço dos Franceses Luta para Cobrir Despesas com Gás e Eletricidade, Revela Barómetro
PARIS – A França, um dos países mais ricos da Europa, enfrenta uma crise de pobreza energética em níveis sem precedentes. De acordo com a 19ª edição do barómetro energy-info do mediador nacional de energia, publicada hoje – e divulgada no prestigiado periódico Le Figaro – um recorde de 36% das famílias francesas reportaram ter tido dificuldades em pagar as suas contas de gás ou eletricidade nos últimos doze meses.
Este número chocante representa um aumento drástico e contínuo da pobreza energética no país, subindo de 18% em 2020 e 28% em 2024, atingindo agora mais de um terço da população.
A situação alarmante não se limita apenas ao pagamento das faturas. A pobreza energética manifesta-se também nas restrições financeiras relacionadas com o aquecimento, que afetam 74% das famílias, um número próximo do pico registado em 2023 (79%). Além disso, 35% das famílias sofreram com o frio no inverno passado, um aumento em comparação com anos anteriores, evidenciando a incapacidade de manter um aquecimento adequado.
O estudo aponta ainda que a alegada "sobriedade energética" é, na maioria das vezes, uma necessidade imposta pela carteira, e não uma escolha ambiental. Cerca de 87% das famílias afirmaram ter alterado o seu comportamento para reduzir as contas, enquanto apenas 34% o fizeram primariamente por razões ambientais.
Em face destes dados, o mediador nacional de energia, Olivier Challan Belval, reforça os apelos por medidas urgentes. Belval insiste que é "inaceitável num país desenvolvido" que os cidadãos passem por estas dificuldades. Ele reitera a necessidade de proibir os cortes de eletricidade por falta de pagamento e de estabelecer um direito a um fornecimento mínimo de eletricidade durante todo o ano para proteger os cidadãos mais vulneráveis da insegurança energética.
A publicação do barómetro lança luz sobre uma realidade social cada vez mais dura na França, desafiando a imagem de prosperidade e exigindo uma resposta política imediata e robusta para garantir que todos os cidadãos tenham acesso a um bem essencial como a energia.
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