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terça-feira, maio 14, 2024

Luz,Caos e Sabedoria

Por Enéas Bispo

Em um quarto escuro, sob a Lua escondida,
Papéis e livros jazem, em silêncio, estendidos.
A luz suave da lua, timidamente, se insinua,
Revelando vestígios de uma mente que continua.

Na quietude da noite, pensamentos dançam,
Entre sombras e sonhos, eles avançam.
O estudante da madrugada, em busca do saber,
Deixa rastros de esforço, antes do amanhecer.

O eco de ideias, em folhas dispersas,
Conta histórias de descobertas imersas.
Nesse santuário de papel e tinta,
A inspiração, como estrela, pisca e cintila.

E assim, na calada da noite, a criação se faz,
No silêncio eloquente, onde o tempo é capaz.
De transformar o caos em ordem, a escuridão em luz,
Nesse palco de papel, onde a mente conduz.


sexta-feira, março 15, 2024

Livros: Portões para Universos Interiores


Por Enéas Bispo

Em um mundo cada vez mais digitalizado, onde a informação flui em um ritmo frenético e a atenção se torna um bem precioso, os livros se reinventam como portais para universos interiores e extensões da mente humana. Mais do que simples objetos, eles representam ferramentas poderosas para o desenvolvimento intelectual, a expansão da criatividade e a conexão com diferentes culturas e perspectivas.

Mergulho em Universos Interiores:

Ao abrir um livro, embarcamos em uma jornada imersiva, explorando mundos reais e imaginários, vivendo experiências através dos olhos de personagens diversos. As páginas se transformam em janelas para realidades distintas, permitindo-nos sentir a emoção do primeiro amor, a angústia de um conflito histórico ou a fascinação por uma descoberta científica.

Expansão da Mente:

A leitura desafia nosso intelecto, aguçando o senso crítico e a capacidade de análise. Ao nos depararmos com diferentes ideias e argumentos, somos impelidos a questionar nossas próprias crenças e a construir novas perspectivas. A mente se expande, tornando-se mais flexível e adaptável, pronta para lidar com os desafios e oportunidades do mundo em constante transformação.

Conexão com o Conhecimento:

Os livros são guardiões do conhecimento humano, acumulado ao longo de séculos. Através deles, podemos acessar o legado de grandes pensadores, filósofos, cientistas e artistas, aprendendo com suas experiências e descobertas. Essa conexão com o passado nos permite compreender o presente e construir um futuro mais sólido e promissor.

Fortalecimento da Imaginação:

Ao ler, nossa mente é estimulada a criar imagens vívidas, dando vida aos cenários e personagens descritos nas páginas. A imaginação se torna mais fértil, permitindo-nos visualizar soluções inovadoras para problemas, explorar novas possibilidades e criar obras de arte originais.

Cultivo da Empatia:

Os livros nos colocam na pele de outros seres humanos, permitindo-nos compreender suas motivações, seus medos e seus sonhos. Através da leitura, desenvolvemos a empatia, a capacidade de nos colocar no lugar do outro e sentir suas dores e alegrias. Essa habilidade essencial nos torna indivíduos mais tolerantes e compassivos, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

Em um mundo cada vez mais complexo e veloz, os livros se tornam ainda mais relevantes como ferramentas para o desenvolvimento pessoal e a construção de uma sociedade mais rica e humana. Através da leitura, expandimos nossa mente, cultivamos a imaginação, fortalecemos a empatia e nos conectamos com o conhecimento acumulado ao longo da história.

Portanto, abrace o poder transformador dos livros e explore as infinitas possibilidades que eles oferecem. Permita que as páginas te transportem para novos universos, expandam seus horizontes e te façam crescer como ser humano.

Lembre-se:

Um livro é um amigo que nunca te abandona.

Uma biblioteca é um universo de conhecimento à sua disposição.

A leitura é a chave para abrir as portas da mente e do coração.

Leia, explore, expanda-se!

quarta-feira, fevereiro 28, 2024

10 Razões Irresistíveis para se Envolver no Universo de Machado de Assis


Por Enéas Bispo 

1. Mergulhe na Essência da Literatura Brasileira: Machado de Assis, o "Bruxo do Cosme Velho", é considerado o pai da literatura brasileira. Sua obra monumental, composta por romances, contos, crônicas e peças teatrais, é a porta de entrada para a rica cultura e história do nosso país.

2. Desvende os Segredos da Alma Humana: Através de personagens complexos e psicologicamente elaborados, Machado explora os meandros da alma humana, revelando suas nuances, contradições e desejos mais íntimos. Prepare-se para se deparar com a hipocrisia, o amor, a traição, a ambição e a busca incessante pelo sentido da vida.

3. Domine a Arte da Ironia e do Humor: Machado era um mestre da ironia e do humor refinado. Sua escrita, permeada por sarcasmo e sátira, te fará rir e refletir ao mesmo tempo, aguçando seu senso crítico e sua percepção do mundo.

4. Aprimore seu Vocabulário e Estilo: A linguagem de Machado é rica, elegante e precisa. Ao ler suas obras, você terá a oportunidade de ampliar seu vocabulário e aprimorar seu estilo de escrita, tornando-se um comunicador mais eficaz.

5. Viaje no Tempo pela História do Brasil: As obras de Machado retratam a sociedade brasileira do século XIX, com seus costumes, valores e contradições. Através de seus personagens e histórias, você poderá viajar no tempo e conhecer de perto o passado do nosso país.

6. Descubra a Universalidade das Emoções: Apesar de retratar a sociedade brasileira do século XIX, as obras de Machado abordam temas universais e atemporais, como o amor, a morte, a busca pela felicidade e o sentido da vida. Seus personagens e histórias são tão reais e complexos que se conectam com os leitores de qualquer época ou lugar.

7. Encante-se com a Beleza da Literatura: A escrita de Machado é considerada uma obra de arte. Sua prosa poética, repleta de metáforas, ironia e humor, te proporcionará uma experiência literária única e inesquecível.

8. Desafie-se Intelectualmente: As obras de Machado não são apenas belas e envolventes, mas também desafiadoras. Seus romances e contos te farão pensar sobre a vida, a sociedade e o ser humano de uma maneira profunda e crítica.

9. Enriqueça seu Repertório Cultural: Ler Machado de Assis é essencial para se ter um bom repertório cultural. Suas obras são referência para a literatura brasileira e mundial, e seus personagens e frases célebres são conhecidos e apreciados por leitores de todas as idades.

10. Junte-se à Legião de Admiradores: Machado de Assis é um dos autores mais aclamados da literatura universal. Seus livros são traduzidos para diversos idiomas e lidos por milhões de pessoas em todo o mundo. Ao ler suas obras, você se junta a uma legião de admiradores que reconhecem sua genialidade e importância para a literatura.

Comece sua Jornada: Não perca tempo! Escolha um dos livros de Machado de Assis e embarque em uma jornada literária inesquecível. Descubra a riqueza da literatura brasileira, explore a complexa natureza humana e encante-se com a beleza e a genialidade de um dos maiores escritores de todos os tempos.

quarta-feira, dezembro 27, 2023

A força secreta do objeto livro: como os livros podem transformar nossas vidas


Por Enéas Bispo

Os livros são objetos fascinantes. Eles contêm palavras, imagens, ideias, histórias, conhecimentos, emoções, sonhos e muito mais. Eles podem nos transportar para outros mundos, nos fazer rir, chorar, pensar, aprender, questionar, inspirar e mudar. Eles podem ser nossos amigos, professores, guias, conselheiros, confidentes e companheiros. Eles podem ser fontes de prazer, sabedoria, esperança, desafio e consolo. Eles podem ser objetos de arte, de memória, de resistência, de identidade e de amor.

Mas qual é a força secreta que os livros têm? Como eles podem exercer tanta influência sobre nós? O que há de especial no objeto livro que o torna tão poderoso e mágico?

Uma possível resposta é que os livros são objetos que nos conectam. Eles nos conectam com os autores, que compartilham conosco suas visões, experiências, sentimentos e pensamentos. Eles nos conectam com os leitores, que interagem com os textos, interpretam, criticam, apreciam, se identificam e se emocionam. Eles nos conectam com as culturas, que produzem, circulam, preservam, valorizam e transformam os livros. Eles nos conectam com as épocas, que marcam os livros com seus contextos, estilos, temas, problemas e desafios. Eles nos conectam com nós mesmos, que nos descobrimos, nos expressamos, nos desenvolvemos, nos transformamos e nos realizamos através dos livros.

Os livros são objetos que nos conectam porque são objetos que nos comunicam. Eles são meios de comunicação que transmitem mensagens, significados, valores, ideologias, estéticas e éticas. Eles são formas de comunicação que possibilitam diálogos, debates, trocas, influências, conflitos e consensos. Eles são modos de comunicação que estimulam criatividade, imaginação, reflexão, crítica, sensibilidade e ação.

Os livros são objetos que nos comunicam porque são objetos que nos representam. Eles são espelhos que refletem nossas identidades, nossas diferenças, nossas semelhanças, nossas singularidades e nossas pluralidades. Eles são janelas que revelam nossas realidades, nossas fantasias, nossas utopias, nossas distopias, nossas verdades e nossas mentiras. Eles são pontes que aproximam nossas subjetividades, nossas intersubjetividades, nossas objetividades, nossas coletividades, nossas diversidades e nossas humanidades.

Os livros são objetos que nos representam porque são objetos que nos afetam. Eles são instrumentos que nos educam, nos informam, nos formam, nos transformam e nos reformam. Eles são recursos que nos divertem, nos entretêm, nos emocionam, nos envolvem e nos movem. Eles são ferramentas que nos empoderam, nos libertam, nos resistem, nos contestam e nos propõem.

Os livros são objetos que nos afetam porque são objetos que nos importam. Eles são valores que nos importam porque nos significam, nos orientam, nos motivam e nos realizam. Eles são bens que nos importam porque nos pertencem, nos enriquecem, nos doam e nos legam. Eles são tesouros que nos importam porque nos encantam, nos fascinam, nos maravilham e nos iluminam.

Os livros são objetos que nos importam porque são objetos que nos amam. Eles são objetos que nos amam porque nos acolhem, nos compreendem, nos aceitam e nos respeitam. Eles são objetos que nos amam porque nos desafiam, nos provocam, nos questionam e nos surpreendem. Eles são objetos que nos amam porque nos acompanham, nos apoiam, nos confortam e nos alegram.

Os livros são objetos que nos amam porque são objetos que nós amamos. E nós amamos os livros porque eles são objetos que nos conectam, nos comunicam, nos representam, nos afetam e nos importam. E nós amamos os livros porque eles são objetos que têm uma força secreta: a força do amor. 

quarta-feira, junho 06, 2012

Livro e Pérolas!


O livro está cheio de pérolas, mas não se esqueça que não são as pérolas que fazem o colar; é o fio! (Gustave Flaubert )

Fotografia: Enéas Bispo de Oliveira

quinta-feira, março 10, 2011

Ingrid Betancourt: “Até o silêncio tem um fim”.


Ingrid Betancourt é a franco-colombiana que foi refém das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) durante mais de seis anos, e acaba de lançar o livro de memórias “Até o silêncio tem um fim”.

Foto: Enéas Bispo de Oliveira

terça-feira, maio 18, 2010

OS LIVROS



Amo os livros! E amo os livros não só pelas histórias que contam ou os ensinamentos que passam, mas também gosto do objeto livro, o cheiro, as cores, os formatos e seus sabores. E me perdoe se acha estranho eu falar do sabor de um livro, mas é verdade, livro tem sabor. Se você gosta dos livros vai entender o que digo, se gosta apenas parcialmente ou aproxima deles apenas por necessidade então nunca saberá, vá se preocupar com outra coisa, com outro assunto pois nunca irá encontrar o sabor que eu falo. Gostar de livro é uma questão de pele, da sua e dos seus livros; livros têm pele, tem voz, tem cheiro, tem sabor e sentimentos.
Existe um movimento que visa proporcionar a partilha da leitura, que consiste em você deixar o livro em um lugar onde alguém possa achá-lo. Pode deixá-lo no ônibus, no metro, táxi ou banco de jardim público. Essa talvez seja uma ideia carregada de boas intenções e até romântica se você acreditar que quem o encontrar irá continuar a leitura; mas eu sempre penso o pior, que quem o encontrar irá depositá-lo na lixeira mais próxima ou na melhor das hipóteses levá-lo ao departamento de perdidos e achados onde ficará para todo o sempre, amém. Não, eu não embarco nessa, amo demais os livros que convivem comigo para deixá-lo abandonado numa cena qualquer esperando que alguém o adote como se faz com uma criança no orfanato. Que horror!
Depois que pego um livro e leio-o, eu e ele criamos uma relação de amizade e amor, e, quero que ele (o livro) ocupe o melhor espaço da minha casa ou então, vai ficar num espaço próprio a ele: uma estante, uma gaveta, uma caixa debaixo da cama. Mas ele estará ali, sempre bonitinho, quietinho, bem abrigado e disponível para me transmitir o seu melhor, seus ensinamentos, me transportando para um mundo diferente do meu. Meus livros são meus! Por isto não os dou, não os empresto e nem deixo-os em mãos que não os respeite.
Adoro perder horas em livrarias, e aqui em Portugal todas as livrarias são maravilhosas: Fnac, Bertrand ou outras mais intimistas. Detesto aquelas com iluminação excessiva, livraria não deve ter iluminação muito forte. Tem que ter a iluminação dos restaurantes românticos, uma luz amena, com música instrumental de fundo e bem baixinha e sem funcionários perguntanto:
-Precisa de ajuda?
Desde quando preciso de ajuda para escolher os meus futuros amigos e companheiros de aventura e ensinamentos?
-Não, não preciso de ajuda!
Sempre respondo assim. A escolha precisa ser silenciosa.
Uma coisa maravilhosa, os supermercados (agora) também vendem livros, entre corredores de sabão em pó, margarina e toda a ordem de produtos. Lá estão os livros, a maioria das pessoas passam por eles indiferentes, muitas pessoas não percebem a diferença entre um amaciante de roupas e um livro. Aliás, percebem sim, para eles um livro tem menos importância do que o amaciante, por isso enchem os carrinhos de coisas, mas não botam na lista um livro. Por isso alimentam seus corpos e lavam e amaciam suas roupas, mas suas almas continuam raquíticas e ásperas.
Dia desses li um comentário de um idiota que idagava, o para quê as florestas se transformarem em livros. Querem que as árvores se transformem no que? Em cadeiras, mesas, postes? Também precisamos de móveis de madeira, também precisamos que as árvores estejam de pé, mas também acredito que não existe destino mais nobre para uma árvore do que aquele de se transformarem em livros. O que querem? Que as arvores cresçam e apodreçam? Acredito que não é bem por aí. Além do mais não conheço nenhum registro que diga que destruíram uma floresta para transformarem em livros. A construção de um livro não é feita apartir da destruição de uma floresta. Então se amas os livros, leia-os sem culpa.
Texto e Foto: Enéas Bispo de Oliveira

quinta-feira, março 12, 2009

L.I.V.R.O.


Existe entre nós, muito utilizado, mas que vem perdendo prestígio por falta de propaganda dirigida, e comentários cultos, embora seja superior a qualquer outro meio de divulgação, educação e divertimento, um revolucionário conceito de tecnologia de informação. Chama-se de Local de Informações Variadas, Reutilizáveis e Ordenadas – L.I.V.R.O. L.I.V.R.O. que, em sua forma atual, vem sendo utilizado há mais de quinhentos anos, representa um avanço fantástico na tecnologia. Não tem fios, circuitos elétricos, nem pilhas. Não necessita ser conectado a nada, ligado a coisa alguma. É tão fácil de usar que qualquer criança pode operá-lo. Basta abri-lo! Cada L.I.V.R.O. é formado por uma seqüência de folhas numeradas, feitas de papel (atualmente reciclável), que podem armazenar milhares, e até milhões, de informações. As páginas são unidas por um sistema chamado lombada, que as mantém permanentemente em seqüência correta. Com recurso do TPO – Tecnologia do Papel Opaco – os fabricantes de L.I.V.R.O.S podem usar as duas faces (páginas) da folha de papel. Isso possibilita duplicar a quantidade de dados inseridos e reduzir os custos à metade! Especialistas dividem-se quanto aos projetos de expansão da inserção de dados em cada unidade. É que, para fazer L.I.V.R.O.S com mais informações, basta usar mais folhas. Isso porém os torna mais grossos e mais difíceis de ser transportados, atraindo críticas dos adeptos da portabilidade do sistema, visivelmente influenciados pela nanoestupidez. Cada página do L.I.V.R.O. deve ser escaneada opticamente, e as informações transferidas diretamente para a CPU do usuário, no próprio cérebro, sem qualquer formatação especial. Lembramos apenas que, quanto maior e mais complexa a informação a ser absorvida, maior deverá ser a capacidade de processamento do usuário. Vantagem imbatível do aparelho é que, quando em uso, um simples movimento de dedo permite acesso instantâneo à próxima página. E a leitura do L.I.V.R.O. pode ser retomada a qualquer momento, bastando abri-lo. Nunca apresenta "ERRO FATAL DE SENHA", nem precisa ser reinicializado. Só fica estragado ou até mesmo inutilizável quando atingido por líquido. Caso caia no mar, por exemplo. Acontecimento raríssimo, que só acontece em caso de naufrágio. O comando adicional moderno chamado ÍNDICE REMISSIVO, muito ajudado em sua confecção pelos computadores (L.I.V.R.O. se utiliza de toda tecnologia adicional), permite acessar qualquer página instantaneamente e avançar ou retroceder na busca com muita facilidade. A maioria dos modelos à venda já vem com esse FOFO (softer) instalado. Um acessório opcional, o marcador de páginas, permite também que você acesse o L.I.V.R.O. exatamente no local em que o deixou na última utilização, mesmo que ele esteja fechado. A compatibilidade dos marcadores de página é total, permitindo que funcionem em qualquer modelo ou tipo de L.I.V.R.O. sem necessidade de configuração. Todo L.I.V.R.O. suporta o uso simultâneo de vários marcadores de página, caso o usuário deseje manter selecionados múltiplos trechos ao mesmo tempo. A capacidade máxima para uso de marcadores coincide com a metade do número de páginas do L.I.V.R.O. Pode-se ainda personalizar o conteúdo do L.I.V.R.O., por meio de anotações em suas margens. Para isso, deve-se utilizar um periférico de Linguagem Apagável Portátil de Intercomunicação Simplificada – L.A.P.I.S. Elegante, durável e barato, L.I.V.R.O. vem sendo apontado como o instrumento de entretenimento e cultura do futuro, como já foi de todo o passado ocidental. São milhões de títulos e formas que anualmente programadores (editores) põem à disposição do público utilizando essa plataforma. E, uma característica de suprema importância: L.I.V.R.O. não enguiça! Só com a lente dos livros se pode perceber toda a estultícia (!) da televisão TEXTO.:MILLÔR FERNANDES Revista VEJA.

quarta-feira, outubro 22, 2008

VIVER & ESCREVER


Acabei de ler o livro Viver & Escrever da maravilhosa escritora Edla Van Steen. Na realidade esse é uma obra com depoimentos de grandes nomes das letras do Brasil a exemplo de Mario Quintana, Orígenes Lessa, Nélida Piñon, Dias Gomes, Jorge Amado entre tantos outros. Edição da L&PM Pocket, você encontra esse tomo nas boas livrarias e bancas de revistas. Na introdução a Edla observa: “Tem sido realmente um privilégio ser contemporâneo de tão significativos nomes da literatura brasileira”. E a Edla soube como ninguém estrair verdades das almas desses escritores por ela entrevistados; eu nem diria que foram entrevistados mas sim tiveram uma conversa em que declarações e detalhes íntimos foram sendo revelados.
Quero pinçar algumas dessas declarações e fazer os meus comentários para que vocês possam sentir a delícia que é esse livro, livro esse que recomendo, se você aprêcia a boa leitura.
Mario Quintana – “Ser poeta não é uma maneira de escrever. É uma maneira de ser. O leitor de poesia é também um poeta.” Interessante ler uma afirmação dessas do Mario, por ele nos apresentar a poesia e o ser poeta como estilo de vida e não como alguém simples e vulgar, colocando o leitor (aprêciador) de poesia como (também) um poeta. Conheço um senhor do interior da Paraíba que jamais escreveu uma linha, porém publicou um livro reunindo poesias de amigos, e por isso todos o trata por poeta, não por ser, mas por aprêciar e patrocinar de forma eficaz a poesia. E Mario ainda afirma que o poeta “não é um relações públicas e sim um relações íntimas.” Li (não lembro onde) que "ser poeta é carregar o mundo em si”, acho que um mundo de intimidades. Poesia é leitura para intimidade, decorre daí a declaração do Mario ser tão cabível, por colocar o poeta quase na qualidade de confessor.
Orígenes Lessa – Declarou escrever seus textos com canetas BIC por ter alergias a todo tipo de máquina ou mecanismo, “por mais simples que seja”. São particularidades tão interessantes por fazer com que reconheçamos as nossas próprias manias. Antigamente eu também não conseguia escrever nas jurássicas máquinas de escrever,achava que as idéias não fluíam bem. Só com muito treino e auto-imposições é que consegui me libertar das famigeradas canetas BIC e deixar as minhas idéias correrem pelas pontas dos dedos.
Orígenes fala que nos tempos negros do Brasil ele lia muitos textos subversivos, entre os quais um “Jesus Cristo era anarquista”.Eu queria entender o que era um texto subversivo; aquele tempo era tão mais emocionante! Não é? Hoje em dia não existe mais isso, nada é subversivo, impróprio, proibido ou censurado. Estou com vontade de ir visitar algum país onde isso ainda exista, só para saber como é. Ou melhor não? Deixemos pois essas experiências com o senhor Lessa e aqueles do seu tempo.
Nélida Piñon – Nélida Piñon a imortal da Academia Brasileira de Letras nos oferece uma pílula do que era a sua infância. “Não fui propriamente travessa. Segundo depoimento familiar, havia em mim uma avidez que não tenho agora como reconstituir. Queria fazer de tudo, sem chamar a atenção. Desde subir às árvores, criando entre os galhos um ninho amigo, onde ficava horas a ler, até escrever uma revistinhas que em seguida passava a meu pai, ao preço de cinco cruzeiros. Pagava-me ele a imaginação e a iniciativa comercial. Enquanto aplicava-me modesta lição de realidade.” É bom sabermos esses detalhes dos nossos escritores preferidos,é através dessas declarações que passamos a perceber ser eles não apenas divindades das letras mas também pessoas humanas que tiveram uma infância alegre, normal e principalmente num ambiênte familiar que lhes propiciaram as suas majestosas criações.
Dias Gomes – Grande novelista e teatrólogo e antes de tudo um homem das letras. Mesmo sendo íntimo das palavras não quis enveredar pela poesia, embora as tivesse escrito e jamais divulgado: “Não ultrapassavam o valor de um pileque ao som de um tango”. Dias tinha razão, quando se tem fama é preciso ter senso crítico para saber o que pode e o que não pode. Dias Gomes teve senso crítico de perceber que a sua poesia não era nada original, segundo ele (a sua poesia) poderia tirar o foco daquilo que ele dominava facilmente: criar estórias com personagens ricos para o teatro e televisão.
Jorge Amado – Jorge Amado, um dos mais famosos e traduzidos escritores brasileiros. Faz uma declaração no livro da Edla que considero das mais importantes: “Não basta melhorar as condições materiais do homem, faz-se necessário garantir também sua liberdade de pensamento, seus direitos de cidadão. Socialismo sem democracia é socialismo capenga, que facilmente pode se transformar em ditadura da pior qualidade, voltada para os interesses dos donos do poder e não para os interesses das grandes massas populares”. Amado que era de idéias socialistas tinha toda razão quando fala de um dos direitos mais prementes da pessoa humana que é o de se comunicar livremente, ter suas idéias e opiniões respeitadas e não ser cerceados nos seus direitos de ir e vir. Como diz a música do Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Sérgio Brito em sua música COMIDA: “a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte”. Esse é um direito básico de um indivíduo e o Amado tocou tão bem nesse quesito, liberdade de pensamento, de expressão e de jogar com idéias.
Edilberto Coutinho – E prá finalizar, uma frase do não tão conhecido paraibano Edilberto Coutinho; jornalista, contista, ensaísta e tradutor. Também entrevistado por Edla: “O bom conto tem que agarrar o leitor desde a primeira frase, não permitindo que ele se demita do texto até o ponto final. É na leitura que o texto se realiza”. Essa é uma boa dica para quem quer se aventurar pelo mundo das letras.
P.S. – Não deixem de comprar o ótimo livro da Edla Van Steen.


Texto e Foto: ENÉAS BISPO