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terça-feira, fevereiro 27, 2024

Reciclagem de plásticos: um desafio ambiental e social


Por Enéas Bispo 

O plástico é um material versátil, barato e durável, mas também é um grande problema para o meio ambiente e a saúde humana. Segundo a ONU, cerca de 300 milhões de toneladas de plástico são produzidas anualmente no mundo, das quais apenas 9% são recicladas. O restante acaba em aterros sanitários, rios, oceanos e até mesmo no nosso organismo, através da cadeia alimentar.

A reciclagem de plásticos é uma forma de reduzir o impacto ambiental desse material, mas não é uma solução definitiva. Além de exigir energia, água e infraestrutura, a reciclagem de plásticos enfrenta diversos obstáculos, como a falta de padronização, a contaminação, a baixa qualidade e a baixa demanda.

Um dos principais desafios é a variedade de tipos de plásticos existentes, que têm propriedades e aplicações diferentes. Nem todos os plásticos são recicláveis, e os que são precisam ser separados por categoria, cor e forma. Isso requer a conscientização e a colaboração dos consumidores, que muitas vezes não sabem como descartar corretamente os seus resíduos plásticos.

Outro problema é a contaminação dos plásticos por outros materiais, como papel, metal, vidro, alimentos e líquidos. Esses contaminantes podem comprometer o processo de reciclagem, reduzindo a qualidade e a pureza do plástico reciclado. Além disso, alguns plásticos contêm aditivos químicos que podem ser tóxicos ou prejudiciais à saúde, como o bisfenol A (BPA) e os ftalatos.

A qualidade do plástico reciclado também é inferior à do plástico virgem, pois ele perde propriedades mecânicas, térmicas e estéticas a cada ciclo de reciclagem. Isso limita as suas possibilidades de uso e diminui o seu valor de mercado. Por isso, muitas empresas preferem usar plástico virgem, que é mais barato e abundante, do que plástico reciclado, que é mais caro e escasso.

A demanda por plástico reciclado também é baixa, pois não há incentivos ou políticas públicas que estimulem o seu consumo. Segundo a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), apenas 22% do plástico reciclado no Brasil é aproveitado pela indústria, enquanto o restante é exportado ou descartado. A falta de uma legislação específica, de uma logística reversa eficiente e de uma educação ambiental adequada dificulta a criação de uma economia circular do plástico no país.

Diante desse cenário, a reciclagem de plásticos se mostra como uma alternativa insuficiente e ineficaz para lidar com o problema da poluição plástica. É preciso repensar o modelo de produção, consumo e descarte desse material, buscando soluções mais sustentáveis, como a redução, a reutilização, a substituição e a biodegradação. Somente assim será possível proteger o meio ambiente e a saúde humana dos efeitos nocivos do plástico.