Por Enéas Bispo
Você já pegou o trem errado e se arrependeu depois? Talvez você tenha se distraído, se confundido ou simplesmente seguido a multidão. O que você faz nessa situação? Você continua no trem até o final da linha, esperando que algo bom aconteça? Ou você desce na primeira parada, reconhece o seu erro e procura outro caminho?
A resposta parece óbvia, mas muitas vezes não é. Muitas pessoas tendem a se apegar ao trem errado, seja na vida pessoal, profissional ou financeira. Elas acham que, se já investiram tempo, dinheiro ou emoção em algo, devem continuar até o fim, mesmo que isso signifique sofrer mais. Esse é o chamado custo de retorno, um viés cognitivo que nos impede de mudar de ideia quando as evidências mostram que estamos errados.
O custo de retorno pode nos levar a tomar decisões irracionais e prejudiciais. Por exemplo, podemos permanecer em um relacionamento abusivo, em um emprego insatisfatório ou em um projeto fracassado, apenas porque já dedicamos muito a eles. Podemos também nos recusar a admitir que estamos errados, mesmo quando os fatos são claros, porque isso feriria o nosso ego.
Como evitar o custo de retorno? A primeira coisa é reconhecer que ele existe e que afeta o nosso julgamento. A segunda coisa é ter a coragem de descer do trem errado, assim que percebermos que ele não nos leva aonde queremos. A terceira coisa é ter a flexibilidade de buscar novas alternativas, sem medo de errar novamente.
Descer do trem errado não é fácil, mas é necessário. Quanto mais tempo ficarmos nele, maior será o custo de retorno. Quanto mais cedo sairmos, maior será a chance de encontrarmos o trem certo.