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segunda-feira, maio 25, 2009

INSÔNIA NO PARAÍSO


Por um breve momento o coração parou quando cheguei no abismo da alma; não me pergunte como cheguei ali, não sei responder e o que sei é que meus pés conscientes não me levariam a tal lugar. O abismo era o paraíso, aquele momento era o paraíso, mas incomodava profundamente. O meu espírito não aprecia o conforto e a paz; meu espírito quer conflito, quer guerra, quer descarga de adrenalina para continuar vivendo. E aquele paraíso se tornou a minha prisão de luxo e imaginei viver nele uma vida menos sociável e como não consegui me tornei mais paciente e menos comum. Entrei no quarto, fechei a porta e deitei na cama imensa e o sono não veio, ouvia conversas vindas da sala onde pessoas falavam da crise global, da falta de emprego, de empresários pulando pela janela e eu nem aí, minha crise e desespero era a falta de sono. Meu globo ocular nem queria mais assimilar o espaço daquele quarto, e não lembro se havia luz no ambiente, acho que sim, sei lá. No meu ouvido mental Madonna começava a cantar uma música safada com mistura de religiosidade e, eu via nitidamente a Madonna nua numa catedral num ato de religiosidade e perversidade. Qual a diferença? Acho que é tudo igual! Meus olhos e ouvidos e acredito que todos os meus sentidos estavam embebidos na ideia de sono, e Madonna veio me perturbar daquela forma! Ela para de cantar e me vem vagos cantos que não sei definir o estilo, mas que importa o estilo se tudo o que quero é dormir? Eu queria um cigarro, mas para quê? Eu não fumo! A brisa da praia me faria um bem maior, melhor que ar condicionado do quarto que só fez piorar minha rinite. Quero escrever um livro; muitas ideias, quero dormir, mas a cama está confortável demais. Penso na minha voz, mas que tom ela tem? Tenho a voz bonita? Nem sei! Já disseram que ao telefone ela é sexy, mas não me suportam ouvir cantar. Nossa! Minha voz é feia! Mas não sou submisso e continuo cantando. Meu coração agora pulsa forte, alto, incomoda! Pára coração! Meu coração tem ternura e não pára, até nas horas difíceis, até nos mundos abstratos como aquele. Ainda tinha tinta na caneta, continuei escrevendo, tinha amor e quem amar, tinha alma e lá fora era noite e o céu cheio de estrelas. Mas agora vou interromper essa conversa, pois tem alguém batendo na porta.
Espera…
Vou ver quem é!
Aaaaaaaaa, é o sono!
Vou dormir!

Texto:Enéas Bispo de Oliveira