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domingo, julho 26, 2009

Diálogo em torno de Nietzsche!

Discípulo: Mestre, oh único conhecedor do segredo último das coisas, peço-lhe humildemente que me fale um pouco sobre Nietzsche.
Niestévisky: Nietzsche? Sim, claro... Hã... Deixe-me ver... Bem, era alemão e tinha um bigode muito estranho.
(Ao dizer isso, Niestévisky já havia dado o assunto por encerrado. Então um breve silêncio constrangedor surgiu no local, silêncio que só foi quebrado quando o discípulo criou coragem suficiente para pedir ao mestre que se aprofundasse mais sobre o assunto).
Discípulo: Desculpe a minha insistência, oh grande decodificador de todos os segredos existentes, mas peço-lhe que se aprofunde um pouco mais sobre o tema, oh grande sábio, pois ainda há algumas coisas que eu quero saber, por exemplo, o que o senhor acha sobre Nietzsche ter dito que Deus morreu?
Niestévisky: Sim, claro. É de conhecimento geral que os dois nunca se deram muito bem, exceto durante a infância, a infância de Nietzsche, é claro, pois Deus é bem mais velho que ele. Há até quem afirme que a desavença entre os dois nada mais era do que um conflito de gerações. Até pode ser, mas essa tese ainda carece de uma investigação mais profunda. Mas enfim, o fato é que Nietzsche não acreditava em Deus e Deus não acreditava em Nietzsche.Sobre a afirmação de que Deus morreu, bem, morreu mesmo. Mas para ser franco, há tantos deuses por aí, que um a mais ou um a menos, não faz muita diferença.Quando Nietzsche proferiu a tal frase, ela acabou por criar muita polêmica, pois o corpo do falecido jamais foi encontrado, fato esse que abre margem para especulações sobre a possibilidade de que ele ainda esteja vivo. Mas esse não é o meu caso, pois eu creio que ele tenha realmente morrido, e digo mais, Nietzsche também morreu. Assim, mortos os dois, acredito que a polemica está definitivamente encerrada. Vão-se os homens, e os deuses, mas o que importa é que as suas obras permanecem. Sim, os dois morreram, mas ainda estão vivos em nossos corações.
Discípulo: E o senhor pode me dar algum exemplo de como a filosofia de Nietzsche entra em conflito com a doutrina cristã?
Niestévisky: Bem, elas divergem em vários pontos, mas um dos que eu me lembro agora é que Deus afirma que Cristo voltará. Nietzsche também afirma que Cristo voltará, porém, infinitas vezes.

Seja o primeiro

IMAGEM.: Mestre e seu aluno/Claude Lefebvre:Museu do Louvre/Paris

terça-feira, março 17, 2009

A CULPA


O cara falhou três vezes e agora está cheio de culpa, coitado, será que ele já ouviu falar num milagre chamado Viagra? Alivia a culpa e a dor de quem falha "naqueles"momentos nobres. Então retrocede e olha para a garota e pergunta: "dá prá começar de novo?" Ela oferece um sorriso esnobe, geralmente nesses momentos é assim, não digo por experiência própria porque nunca falhei, nunca tomei Viagra,nunca garota alguma jogou seus sorrisos esnobes de pena e nojo, nem nunca me senti culpado. O que quero dizer é que desde sempre tem sido chic se sentir culpado, desde que um cara chamado Jesus telefonou para o pai e se matou. Que cruel! Porque nunca senti culpa de coisa alguma? Acho que sentir culpa é algo tão nobre que minha alma pequena ainda não atingiu esse grau.
Hoje uma amiga me ligou e disse que "Culpa é Cool"; não sei o que ela quis dizer com isso, acho que ela quis dizer que é interessante sentir culpa nesse Universo que habitamos.
Eu acredito que não sinto culpa porque só cometo os pecados que todos cometem, sendo assim que graça tem? Eu devo inventar pecados novos e assim encontrar a tal culpa cool? Não consigo encontrar esse pecado novo e esse encontro com a culpa.
Eu tenho fé, mas só tenho fé em mim; nem por isso vou sair por aí apedrejando igrejas, cruzes e padres. Eu esqueço essas grandes corporações multinacionais da culpa que se chama igreja e tem uns deuses me apontando o caminho do inferno ou do paraíso dependendo da minha escolha e do meu grau de reconhecimento de culpabilidade, eu não sinto culpa então quem pode me julgar que mereço o inferno? E se eu quiser ir para o Céu mesmo sem culpa e o reconhecimento do pecado? Quem controla a Culpa? Se você souber manda ele trazer a minha, pois ainda não a recebi. Nietzsche disse: "Já não me impressiono mais com as palavras sobre as penas do pecado, porque simplesmente não acredito". O que Nietzsche estava querendo dizer é que tal qual eu não sentia culpa, não a culpa bíblica. Acredito mais na culpa ética, do não cumprimento dos meus deveres. Não adianta querer saber quem nasceu primeiro se o ovo ou galinha, afinal a galinha nasceu do ovo e pronto não dá prá imaginar o contrário. Portanto, mesmo que eu não queira, um Jesus morreu para que eu tivesse culpa; aí me pergunto, uma galinha pode sonhar nascer sem depender do ovo? Respondo: não! Mas e a culpa é uma questão de escolha? Afinal eu não estava com o chicote na mão descendo a lenha em um Jesus rumo a crucificação. E esse Deus invisível, espiritual, presente em todos os momentos? Que posso fazer? Deixo Ele me olhando? Pelo menos são olhos de Deus e não cameras do BB cotidiano.
O medo e a culpa educam? Não sei, prefiro aprender nos livros e nas coisas que vivo, talvez eu esteja dando mau exemplo ou pelo menos fazendo você pensar nas suas culpas ou tal qual eu na sua ausência de culpas.
Não sou anarquista e acredito em regras e limites, mas prefiro esticar a corda do que me amarrar com ela. Eu adorava a escola mas acredite eu preferia os intervalos, confesso que aprendi mais fora do que dentro das salas de aula.
Eu acredito na liberdade e a liberdade produz a boa e a medíocre arte! E cada arte atende uma necessidade e a necessidade de deixar algo ou ver algo e o não se sentir culpado de não colocar arte na vida. Sou a favor da não violência e se você vai bater que bata nas teclas de um piano, se souber tocar afinal ninguém merece acordes ruins. Não sei se sou maluco, ou satânico, mas quase sinto culpa de ouvir música ruim. Então pare com essa música ruim e procure sons da natureza.
Fomos todos criados por um sistema de comunicação e educação moral, com ensinamentos judaico-cristãs, tipo: somos todos pecadores à nascença, somos todos pecadores enquanto estamos vivos e se não passarmos a vida em penitência, passamos a morte numa penitência. Como eterna? O que é mesmo PECADO? E isto está tão intrincado em nós que parece que as células têm moral. E se você tentar se desligar disto, e ter pensamentos próprios e vida própria? Se organizar por valores de justiça e ética, nem assim conseguirá se livrar deste apêndice, a alergia que é a culpa. É como ter a polícia dentro de você. Há quem goste, eu não gosto de carregar essa polícia. Prefiro criar minha própra cena, cena que ocupa muito espaço e não me deixa espaço para essa dita culpa.
Para nos tornar adultos precisamos aprender a perdoar nossos pais, no mundo para ter paz é melhor não criar inimizades, assumir as coisas que fazemos. E no Natal não esquecer parentes e amigos, mesmo não acreditando no espírito de Natal ou no Papai Noel.
Mas se você esquece se sente culpado, se foge dos ditames dos pais sente culpa. Mas é que nos ensinaram a prática da culpa e da consequencia lógica que é o sistema: o perdão.
Você vai sentir culpa de não sentir culpa? O perdão não é desculpar. O perdão é acreditar num futuro lindo, justo e bonito, muito mais bem-intencionado, porque se acredita que as pessoas são essencialmente boas e que estão é todas fodidas.
Desculpem-me. O assunto culpa me deixa sério e há coisa mais triste? Precisamos de fazer um reciclagem de pensamento, começar de novo de vez em quando. Precisamos assumir que somos todos deficientes morais e de perceber que a culpa não dá jeito nenhum. Isto foi só um pequeno detalhe para podermos depois falar de coisas mais bonitas.

Texto de Enéas Bispo