"Vocês ainda não repararam que ninguém fuma sorrindo?" [Mario Quintana - Poeta Brasileiro]
Lionel Tiger em seu livro BUSCA DO PRAZER - A Evolução dos Sentidos na Espécie Humana, escreve o seguinte sobre o ato de fumar: "Um dos motivos pelos quais tanto se fuma, apesar das conseqüências para a saúde, é provavelmente o fato de o fumante ter a seu alcance uma espécie de lareira portátil - um lembrete de que somos capazes de controlar o fogo e uma evocação dos prazeres do lar. O próprio ritual de acender o cigarro já agradável por si, e o cheiro do tabaco é uma experiência reconfortantemente doméstica. Embora o odor do fumo queimado se torne crescentemente irritante a medida que o cigarro se consome, as primeiras baforadas costumam dar uma sensação agradavelmente adocicada. Sabemos que o fumo de cachimbo, extraído de tipos aromáticos de tabaco, não raro com adição de fragrâncias, produz um cheiro para muitos agradável.O mesmo acontece com os charutos, para os apreciadores. Basta combinar esses prazeres sensuais a vulnerabilidade do corpo humano ao vício da nicotina, e temos toda uma vasta e dispendiosa indústria, supertaxada pelo poder público e infinitamente perigosa. E no entanto não deixa de ser curioso, e mesmo intrigante, que tão poucas pessoas se viciem na nicotina propriamente dita, sem a intermediação do ato de fumar."
Tenho a opinião da minha amiga Lia F7, que escreve: "Analisar o ato de fumar é muito complicado. Fala uma ex-fumadora. E nessa condição, sinto que consigo avaliar os dois lados: os anti e os pro-tabagistas. A questão mais relevante é o que nos leva a começar a fumar. Normalmente é para nos sentirmos integrados num determinado grupo de amigos ou para encontrar um status que não existe. Depois de entrar no mundo fumegante há um misto de dependência revoltante e uma estranha paz de acompanhamento. Como se o cigarro fosse uma companhia e o fumador assim não estivesse só; está acompanhado e ativo. Faz algo e deixa de se sentir a mais em qualquer ambiente. Em momento de descontração é sim uma pausa e que se usa quase para meditar. Mas um dia acordamos para nós próprios e percebemos que esse amigo que incendiamos é na verdade o nosso maior inimigo e que não precisamos de nada mais para nos sentirmos bem do que a nossa força interior. Tudo tem um odor mais intenso para o ex-fumador e a auto-confiança fica igualmente mais estimulada. Nem falo da melhoria na saúde que isso é um dado que o mundo inteiro sabe. Após a proibição de fumar em locais públicos, as pausas para fumar transformaram-se em algo degradante. Há a sala ghetto do fumador ou em alternativa o mini grupo de consumidores de fumo em pé na rua à porta do local de trabalho. Deixou de ser a pausa relaxante e passou a ser o stress de ter de inalar a dose de nicotina."
Eu em particular não sou contra e nem a favor, desde que fumem distante de mim! Agora, falando artisticamente acho plasticamente bonita a cena de uma bela mulher fumando.
Fotografia: ENÉAS BISPO DE OLIVEIRA