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sexta-feira, novembro 30, 2012

Flor de Azeite


As evidências da nossa intimidade com o azeite remontam ao período neolítico (dez mil anos antes de Cristo). A oliveira-brava (em Portugal designa-se por zambujeiro) cobria o Mediterrâneo, o Médio Oriente e a Ásia Menor.
Na ilha de Creta, a cultura da oliveira e o uso do azeite confundem-se com a identidade das gentes. Os cretenses têm a mais baixa taxa de mortalidade cardiovascular do mundo e a esperança de vida mais alargada; está cientificamente provada a correlação com o elevado consumo regular de azeite.
Os benefícios do azeite para a saúde são pintados e escritos no Egipto dos faraós e na Grécia Antiga. Os romanos chamavam oleis flos (flor de azeite) ao néctar extraído a frio na primeira e mais suave prensagem, à semelhança do nosso azeite virgem extra. Desde então, as suas virtudes terapêuticas encontraram confirmação da comunidade médico-científica, não só nas doenças do coração, mas também na prevenção da diabetes, da obesidade, do envelhecimento celular (Cleópatra já suspeitava que fazia bem à pele…) e até de certos cancros, como o da mama.
Contrariamente às restantes gorduras alimentares, a riqueza do azeite em ácidos gordos monoinsaturados e em antioxidantes colocam o néctar numa posição de primeiríssima eleição, tanto na cozinha como à mesa.
Felizmente, os portugueses integraram, desde sempre, o azeite na sua dieta alimentar. Também o levaram quando deram ‘novos mundos ao mundo’. Muito provavelmente a cultura da oliveira chegou à África do Sul nas naus do caminho das Índias.
A aclimatação perfeita desta cultura na bacia mediterrânica e nos seus povos faz que, nos dias de hoje, 60% do consumo mundial e da produção se concentre em Espanha, Itália, Grécia, França e Portugal.
Se, como eu, o leitor for adepto de azeite virgem extra, na Península Ibérica pode programar visitas aos lagares agora que começa a nova safra. Em Portugal, as Denominações de Origem que esperam por si mais a Norte são Trás-os-Montes e Beira Interior. No Sul visite as DOP Ribatejo, Alentejo Interior e Moura.

Texto: Anibal Coutinho
anibal.coutinho@sol.pt
Publicado no Jornal Sol/Portugal: http://sol.sapo.pt