Em uma tarde onde o cinza do céu se confundia com as páginas desbotadas de um velho romance, Valentina surgiu como uma heroína de contos esquecidos. Com um sorriso que desafiava a monotonia da chuva fina, ela se apossou do que eu tinha de mais precioso: meu coração inquieto, minha respiração ofegante e os sonhos que eu guardava sob o travesseiro.
Era uma estudante como eu, mas em seus olhos ardiam as chamas de mil sóis de histórias que ela devorava vorazmente, noite após noite. Juntos, nos tornamos personagens principais de uma fuga sem precedentes, cavalgando na lombada de um livro que nunca terminava. Nossa montaria era feita de palavras e promessas, e nosso destino, um mundo onde a ficção se entrelaçava com a realidade.
Valentina me ensinou a dançar entre linhas e parágrafos, a encontrar refúgio em mundos de papel e tinta. Ela era a mestra dos disfarces, capaz de se transformar em pirata, princesa ou até mesmo em dragão, dependendo da página que decidíssemos explorar.
Mas, como todo sonho que se preze, havia um fim para nossa jornada. Quando o amanhecer rompeu a névoa e os chuviscos se despediram, Valentina fechou o livro e, com ele, selou nosso capítulo. Restou-me a lembrança de nossa aventura e a esperança de que, talvez em outra tarde nublada, possamos novamente ser dois fugitivos cavalgando na lombada de um livro, eternamente jovens, eternamente livres.
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