domingo, novembro 19, 2023

Navalha de Ockham: o princípio da simplicidade na filosofia e na ciência


Por Enéas Bispo

A navalha de Ockham é um princípio lógico e metodológico que afirma que, diante de duas ou mais hipóteses explicativas para um mesmo fenômeno, deve-se preferir a mais simples, desde que ela não contradiga os fatos observados. Esse princípio foi formulado pelo filósofo e teólogo inglês Guilherme de Ockham (1285-1349), que defendia que as entidades não devem ser multiplicadas sem necessidade.

A navalha de Ockham é uma ferramenta útil para eliminar explicações desnecessárias, complexas ou arbitrárias, que não contribuem para o avanço do conhecimento. Ela também é uma forma de evitar o excesso de especulação e de buscar a clareza e a objetividade na argumentação. A navalha de Ockham não garante, porém, que a hipótese mais simples seja sempre a verdadeira, nem que a verdade seja sempre simples. Ela é apenas um critério de escolha racional entre as alternativas disponíveis.

A navalha de Ockham tem sido aplicada em diversas áreas do saber, como a filosofia, a teologia, a ciência, a matemática, a lógica, a linguística, a psicologia, a economia, a política, a arte, entre outras. Ela também tem inspirado o desenvolvimento de outras regras ou princípios de simplicidade, como o princípio da parcimônia, o princípio da elegância, o princípio da razão suficiente, o princípio da falsificabilidade, o princípio da verificabilidade, o princípio da consistência, o princípio da coerência, o princípio da plausibilidade, o princípio da preferência, o princípio da parcimônia de informação, o princípio da mínima descrição, o princípio da compressão, o princípio da entropia, o princípio da complexidade, o princípio da emergência, o princípio da auto-organização, o princípio da adaptabilidade, o princípio da evolução, entre outros.

A navalha de Ockham é, portanto, um dos pilares do pensamento racional e científico, que busca explicar os fenômenos da natureza e da sociedade de forma simples, lógica e consistente, sem recorrer a entidades ou causas ocultas, misteriosas ou sobrenaturais. Ela é também uma expressão da busca humana pela compreensão e pela sabedoria, que valoriza a simplicidade como uma virtude intelectual e moral.

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