sábado, julho 12, 2025

O Reflexo Dourado da Canção Submersa


Por Enéas Bispo 

Aqui, onde o sol se despede,
E o céu em tons de fogo se acende,
Do rio que sereno se estende,
Emerge um mistério que a alma prende.

Não é a tarde que ali se revela,
Mas sim, em escamas de brilho e cor,
Uma sereia que a água modela,
Em um instante de puro primor.

Seu rosto, mais belo que a aurora em flor,
Espelha a magia que o entardecer traz,
Nos olhos, o brilho de antigo amor,
Na boca, um sorriso que a alma acalma.

Seu corpo se eleva em graça e poder,
Contrastando com as nuvens de além,
Um conto de encanto a acontecer,
No leito das águas que a vida contêm.

Assim, na Paraíba que o sol abraça,
A fantasia na realidade se encontra,
E a imagem da sereia que nos passa,
É um verso da natureza que encanta.

quarta-feira, julho 09, 2025

O Homem é o único animal que paga para viver na Terra


Por Enéas Bispo 

Ah, a vida na Terra! Um presente divino, uma benção da natureza, uma experiência sublime... para alguns. Para nós, Homo sapiens, essa "dádiva" vem com uma fatura anexada, e não é daquelas que você pode ignorar e esperar que sumam magicamente. Somos a única espécie que, em vez de simplesmente existir e aproveitar o banquete da natureza, decidiu que seria muito mais divertido pagar para estar aqui.

O Zoológico Humano: Entrada Paga e Sem Saída

Pense bem: o leão ruge, caça, dorme e não se preocupa com o aluguel da savana. A abelha poliniza, faz mel e ninguém lhe cobra taxa de condomínio pelo apiário. O peixe nada livremente no oceano, sem se estressar com parcelas atrasadas do financiamento da nadadeira. Mas nós, os ditos "seres superiores", inventamos um sistema genial onde, para ter o privilégio de respirar o ar que deveria ser gratuito, precisamos desembolsar quantias obscenas.

Começa cedo. Para nascer, já tem o hospital (a não ser que você seja muito raíz e decida ter seu filho no meio da floresta, mas aí virá o IBAMA para te cobrar pelo uso indevido do ambiente natural). Depois, vem a educação, essa benção que nos prepara para a gloriosa jornada de... pagar mais. Pagamos para aprender a pagar, é uma meta-cobrança de tirar o chapéu.

A Roda da Ratoeira Dourada

E a vida adulta? Ah, a vida adulta é um festival de boletos! Aluguel ou prestação da casa (uma caverna com aquecimento central e Wi-Fi), contas de luz, água, gás (porque o sol e a chuva, pasmem, não são suficientes para nos aquecer e matar a sede sem custo adicional). E não esqueçamos da comida, esse pequeno detalhe essencial para a sobrevivência que, ironicamente, vem com preço. Imagine um pássaro comprando comida no supermercado. Parece absurdo, não é? Mas para nós, é a mais pura e cruel realidade.

Se você ousa ter um pouco de tempo livre, prepare-se: pagar para se divertir. Cinema? Pago. Academia? Pago. Viajar para ver a natureza? Pago (passagens, hospedagem, taxas de "preservação" que ninguém sabe para onde vão). Parece que a Terra nos diz: "Bem-vindo! Agora, me pague por cada metro quadrado que você pisa, por cada gota de água que bebe e por cada mísero momento de alegria que você ousa sentir."

O Legado do Pagamento Perpétuo

E o mais irônico é que, mesmo depois de uma vida inteira pagando para viver, o grand finale também vem com custo. Sim, até para deixar este plano terreno, precisamos pagar. Taxas de cemitério, crematório, serviços funerários... é como se a Terra não quisesse que saíssemos daqui sem deixar um último trocado. Uma despedida digna do animal mais "inteligente" do planeta: aquela que paga até para descansar em paz.

Então, da próxima vez que você vir um gato dormindo tranquilamente ao sol, sem boleto para pagar, ou um pássaro cantando sem se preocupar com o imposto de renda, reflita. Talvez o "privilégio" de sermos humanos e de termos inventado o dinheiro seja, na verdade, nossa maior maldição. Afinal, somos o único animal que paga para viver na Terra, e o pior: parece que gostamos da ideia. Ou será que simplesmente não encontramos a opção de "cancelar assinatura"?

domingo, julho 06, 2025

Liberte a Sua Essência


Por Enéas Bispo 

No palco interno, a alma, presa e muda,
Canta canções que o eco abafa em vão.
Veste-se em máscaras que a vida ilude,
Esconde o brilho, nega a própria mão.
Mas rompe a couraça, a pele envelhecida,
Desperta a força que em ti jaz dormente.
Quebre o espelho que reflete a dor sentida,
E veja o eu que surge, transparente.
Em cada verso, um grito de alforria,
Em cada passo, um voo sem amarras.
A melodia que antes se perdia,
Agora ressoa em todas as terras.
Liberta a essência, o dom que te foi dado,
E seja livre, enfim, do teu passado.


sábado, julho 05, 2025

📚 João Pessoa lidera ranking de leitura entre as capitais brasileiras


Capital paraibana se destaca como a mais leitora do país, superando metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro.

Por Enéas Bispo 

João Pessoa, a ensolarada capital da Paraíba, acaba de conquistar um título que enche de orgulho seus moradores: é a capital brasileira que mais lê livros. A informação vem de uma pesquisa nacional de hábitos de leitura, que analisou o comportamento dos leitores em todas as capitais do país. O resultado surpreendeu ao colocar a cidade nordestina no topo do ranking, à frente de centros urbanos muito maiores e mais populosos.

📖 Leitura como parte da identidade cultural

Segundo o levantamento, 74% dos habitantes de João Pessoa afirmaram ter lido pelo menos um livro nos últimos três meses — índice bem acima da média nacional, que gira em torno de 52%. Além disso, a média de livros lidos por pessoa na capital paraibana é de 5,2 por ano, superando cidades como Curitiba (4,7), Belo Horizonte (4,5) e São Paulo (4,1).

Especialistas apontam que o sucesso de João Pessoa nesse quesito não é por acaso. A cidade tem investido fortemente em políticas públicas de incentivo à leitura, como bibliotecas comunitárias, feiras literárias e projetos de leitura nas escolas. Um exemplo é o programa “Ler é Viver”, que distribui livros gratuitamente em praças, ônibus e escolas públicas.

📚 Feiras, clubes e bibliotecas: um ecossistema literário vibrante

A capital paraibana também é palco de eventos literários importantes, como o Salão do Livro da Paraíba (SALIPA) e a Feira Literária de João Pessoa (FLiJoP), que atraem autores renomados e mobilizam a população em torno da literatura. Além disso, clubes de leitura se multiplicam nos bairros, reunindo leitores de todas as idades para discutir obras clássicas e contemporâneas.

Para a professora e escritora paraibana Maria do Carmo Silva, o segredo está na valorização da cultura local:  

 “João Pessoa tem uma tradição literária forte, com autores como José Lins do Rego e Ariano Suassuna. Mas o que vemos hoje é uma nova geração de leitores e escritores que está reinventando essa herança com muita criatividade.”


📈 Impacto social e educacional

O hábito da leitura tem refletido positivamente nos índices educacionais da cidade. Escolas municipais têm registrado avanços significativos em compreensão de texto e desempenho em avaliações nacionais. Além disso, a leitura tem sido usada como ferramenta de inclusão social, especialmente em comunidades de baixa renda.

Para a secretária municipal de Educação, América de Castro, o reconhecimento é fruto de um trabalho coletivo:  

 “Essa conquista é de todos: professores, bibliotecários, escritores, leitores e gestores. João Pessoa mostra que investir em leitura é investir em cidadania.”

🌟 João Pessoa, exemplo para o Brasil

Em tempos de desafios educacionais e culturais, João Pessoa surge como um farol de inspiração. A capital paraibana prova que, com políticas públicas consistentes, envolvimento da comunidade e amor pelos livros, é possível transformar realidades — uma página de cada vez.

quarta-feira, julho 02, 2025

Alma em Copo de Cristal


Por Enéas Bispo 

Em um copo de cristal, a alma repousa,
Transparente prisão, leve e formosa.
Gotas orvalham a pele de orvalho e luz,
Um véu de água que o tempo seduz.
Olhos azuis, um oceano em miniatura,
Miram além da parede, na pura
Distância de um mundo que parece sonhar,
Enquanto a essência se deixa molhar.
Fios de água, rendas tecidas no vidro,
Abraçam o corpo em silêncio e sentido.
Cada bolha um segredo, um suspiro a bailar,
Num palco de luz, a beleza a flutuar.
Ela, a musa aquática, em seu etéreo lar,
Convida o olhar a se perder, a navegar,
Por entre as bolhas e a melancolia,
De um sonho líquido que em nós se cria.

terça-feira, julho 01, 2025

Deixar Ir é um Ato de Amor-Próprio


Por Enéas Bispo 

Quantas vezes nos encontramos presos a relacionamentos ou situações que não nos servem mais? Quantas vezes nos sentimos obrigados a manter pessoas em nossas vidas que não contribuem para a nossa paz e felicidade? É hora de reconhecer o poder que temos em nossas mãos: a escolha.

A Arte de Deixar Ir

Deixar ir não é fácil. Requer coragem, autoconhecimento e uma profunda compreensão de nossos próprios limites. Quando decidimos encerrar capítulos com pessoas que não merecem continuar em nossa história, estamos, na verdade, escolhendo nos respeitar e nos valorizar.

Presença é Escolha

A presença de alguém em nossa vida não é um direito adquirido; é uma escolha que fazemos todos os dias. Se escolhemos manter alguém por perto, é porque essa pessoa agrega valor à nossa existência. Caso contrário, é hora de reavaliar a relação.

Amor-Próprio como Regra

O amor-próprio é a base de qualquer relacionamento saudável. Quando priorizamos nosso próprio bem-estar e felicidade, estamos mais propensos a criar vínculos significativos e duradouros com os outros. Se alguém não respeita nossos limites ou não contribui para a nossa paz, é hora de reconsiderar a relação.

Nem Todo Mundo Merece Lugar onde Há Paz

A paz é um direito que todos merecem. No entanto, nem todo mundo está disposto a respeitar esse direito nos outros. Se alguém está constantemente causando estresse, ansiedade ou dor em sua vida, é hora de questionar se essa pessoa merece um lugar em seu universo.

Encerrar Capítulos 

Encerrar capítulos com pessoas que não merecem continuar em nossa história é um ato de amor-próprio. É uma escolha que fazemos para nos respeitar e nos valorizar. Ao priorizar a nossa paz e felicidade, estamos criando um universo mais harmônico e significativo. Lembre-se: presença é escolha, e você tem o poder de decidir quem merece estar em sua vida.

segunda-feira, junho 30, 2025

🔥 Europa em Chamas: Onda de Calor Expõe Fragilidade das Casas em Portugal e Espanha


Por Enéas Bispo 

À medida que uma intensa onda de calor varre a Península Ibérica, as temperaturas em Portugal e Espanha atingem máximas históricas, ultrapassando os 45 °C em algumas regiões. O fenômeno, alimentado por massas de ar quente provenientes do norte da África, tem provocado alertas meteorológicos, incêndios florestais e sérios riscos à saúde pública.

No entanto, para milhões de residentes, o calor escaldante revelou uma vulnerabilidade estrutural menos discutida: a inadequação das residências para enfrentar extremos climáticos. 

🏠 Casas Preparadas Para o Frio — Mas Não Para o Calor

Grande parte das construções em ambos os países foi projetada para reter calor durante os meses mais frios — uma escolha histórica que agora se mostra problemática. Isolamento térmico mal adaptado, ausência de sistemas de ar-condicionado e poucas opções de ventilação eficaz transformam casas comuns em verdadeiras estufas durante o verão.

Em zonas urbanas, como Lisboa, Madrid e Sevilha, moradores relatam dificuldades para dormir, aumento no consumo energético e agravamento de problemas de saúde relacionados ao calor excessivo. Em bairros mais antigos, onde prédios históricos predominam, as soluções são ainda mais limitadas.

🌡️ Mudança Climática e Urbanismo em Xeque

Especialistas alertam que essa onda de calor não é uma exceção, mas parte de um padrão crescente provocado pelas mudanças climáticas. O arquiteto espanhol Javier Paredes afirma: “Estamos vivendo com construções do século XX num clima do século XXI.” Já a climatologista portuguesa Mariana Duarte destaca que as cidades lusófonas precisam urgentemente repensar seus códigos de construção e planos urbanos para enfrentar um futuro mais quente e instável.

👥 Soluções e Adaptações Possíveis

Enquanto governos avaliam estratégias a longo prazo — como incentivos para reformas térmicas e exigências de eficiência energética — moradores buscam soluções imediatas. Cortinas térmicas, ventiladores potentes e reorganização dos hábitos diários viraram ferramentas de sobrevivência. Há também crescente procura por tecnologias verdes, como telhados vegetais e fachadas reflexivas.

Se esta onda de calor servir como alerta, talvez ela possa catalisar uma revolução arquitetônica que alinhe as residências ibéricas à realidade climática do século XXI.