Dias e lobos que nos assaltam
E tudo se conjuga no intimo desejo dessa nossa liberdade válida.
A música lenta que transforma o nosso mundo, o nosso micro-cosmo sem cartas marcadas.
É a imagem dos nossos rostos no espelho na manhã seguinte...
É vencer a resistência do teu não, é puxar a tua mão e ir pelo mundo sem resistir os impulsos do mergulho para depois emergir nos gestos e nos reflexos dos nossos desejos.
É nisso que a nossa poesia cresce; na flor que nasce em nós, intensa, irritada, acelerada, furiosa e saudável.
É um lembrar de um cheiro, de uma voz, de um sussurro, de uma mordida na orelha, de um arranhão nas costas.
Eu sei que o nosso mundo é como não deve ser, um pecado sagrado, uma panela transbordando, uma caneta que só escreve na cor azul, um olhar húmido, um penteado desfeito!
Os nossos dias são muitas vezes feitos sem rostos e sem máscaras; feitos de mil projetos, mil pensamentos, mil tragédias, mil maravilhas, mil enganos, mil...
Sem inocências e com fragrâncias de corpos em contratempos.
É uma rede apertada, é uma rede apertada, é uma rede apertada...
É um prenuncio de fim, no fim.
Texto/Foto: Enéas Bispo de Oliveira