_O que aprecias numa mulher? Quis saber aquela minha amiga, curiosa em perscrutar os meus gostos.
_Eu gosto que a mulher tenha candura, clareza de raciocínio, gosto pela literatura e que tenha pés perfeitos e delicados.
_Que tenha pés perfeitos e...!
_Sim, e que compreenda os dias nublados e tenha os pés perfeitos e delicados.
_Pés delicados?
_Sim, que olhe e escute e que escute enquanto olha. Que saiba andar descalça com os seus pés perfeitos e delicados.
_Andar descalça!? _ desconfiou a minha amiga com ironia.
_Sim, e que já tenha comido a maçã envenenada da Branca de Neve, que conheça a morte e o sofrimento, a felicidade e o esquecimento e tal qual como tu, tenha essa ironia refinada. Não esquecendo (jamais) o detalhe dos pés perfeitos e delicados!
_Mas tu sempre olhas para os pés femininos?
_Sim! _ respondi. Mas olho (também) para a mulher que tenha sentido de humor, bom humor e que tenha alegria nos olhos, seja impulsiva em doses moderadas, voz bonita e radiosa.
Que goste de piquenique na relva, que coma pão de ló sem culpa, goste de flores vermelhas e que preferêncialmente tenha pés perfeitos e delicados.
Texto: Enéas Bispo de Oliveira