
Meu caminho na luz, na luz da estação que cheguei! No meu caminho encontro museus, cinemas, gente! Ruas bem cuidadas, desesperadas em sinais de gentileza. Acordei cedo e senti o cheiro de café no ar, pão fresco e quentinho, e a vida parece quase perfeita. Passo por edifícios que parece me esmagar de tão enormes, nos meus pensamentos desejos e imagens loucas, doces e sensuais. Sou um anjo mundano, terreno e caminhante. A cidade está carente de silêncio, de carinho, de luz e de uma estação liberdade. Tenho guardado fotos proibidas, lembranças de uma festa e da minha cabeça virada na esquina. Minha pele arrepia!!! Uma moça italiana passa por mim cantando, vejo a cor dos seus olhos, sinto seu cheiro, desvendo seus templos, boca barroca. Chove gotículas de luz e sinto o caminho molhado, reflexos de tudo, de gente, de edifícios, carros... Uma flor nasce no asfalto. Uma moça na janela, o céu agora fica azul, museu de línguas, quero ler Machado de Assis. Meu caminho é um labirinto, um cena de cinema sem direção. Um mar de palavras, uma ponte entre a beleza e a escuridão. Eu sou um piano pedindo para ser tocado, que coisa erótica! Meu riso no Metrô, muitas histórias em livros fechados, chego na praia e vejo muitas cenas familiares e previsíveis. Agora vejo o corpo dela nu na minha cama, mais risos, onde estamos mesmo? Na cama, eu falei? Fim de linha, campo verde, o o olho azul. Na vida tudo é cor. Meus pés estão cansados mas eu estou feliz.
Foto/Texto: Enéas Bispo de Oliveira