Fico surpreso com a velocidade das mudanças de comportamento e dos sonhos de consumo das pessoas, principalmente nas grandes cidades. Há poucos anos, adquirir uma câmera digital era um sonho inatingível. O preço era um bloqueio e o ambiente pouco favorável: baixa resolução, baixa popularização da Internet, baixa qualidade de impressão. Atualmente existe uma quantidade muito maior de justificativas para aliviar a consciência do consumidor e fazê-lo esvaziar a conta bancária para adquirir um bem de luxo. Mas este não é um fato isolado. Acontece o mesmo com produtos refinados de marcas mundialmente famosas. É difícil explicar o mecanismo de decisão de compra de um relógio. Racionalmente é impossível justificar o preço de um Rolex, Bulgari ou Patek Phillip. São marcas muito tradicionais e caríssimas, mas a função é a mesma: informar a hora certa. Quem procura um produto desses está seguro de que fará uma boa compra. O seu consciente já buscou todas as justificativas para tornar a compra possível. São peças artesanais, dotadas de mecânica fina e de precisão, que conferem uma longa vida útil ao produto. Além disso, carregam uma tradição. E o ambiente em que vivemos propicia a procura de produtos que têm uma marca tradicional. Mas será que quem usa um produto de tradição vai ganhar tradição também?
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