Mas, oh, que mentira devastadora você aceitou! Essas flores de plástico que você cultiva, essas imagens congeladas de um ideal fabricado... Elas não têm cheiro. Não se curvam ao toque delicado de uma brisa. Não morrem e renascem. Não possuem o drama pulsante da vida, que é crescer, florescer e murchar.
Você se tornou o jardineiro de algo que não respira. E por quê? Por medo da dor que acompanha a beleza verdadeira? Por temor de que a verdade te rasgue em pedaços e, ao invés de florescer, você se perca? Mas a perda também é parte do todo. É por isso que as flores reais vivem. É por isso que o perfume delas, ainda que efêmero, invade a alma com uma ferocidade que o plástico jamais poderá oferecer.
As flores de plástico são confortáveis porque não exigem. Não são selvagens e indomáveis como a vida. Elas não revelam as sombras que crescem sob a luz. Não desafiam o coração a sangrar ou o espírito a transformar-se. Cultivá-las é escolher uma morte lenta, uma estagnação adornada de falsidade.
Você se atreverá a arrancá-las? Será ousado o suficiente para abrir os olhos e encarar o jardim selvagem e imperfeito? Será capaz de suportar a dor pungente do real e, ainda assim, abraçar o momento fugaz de seu aroma eterno?
Porque, no fim, o que você cultiva define o que você é. E viver entre flores de plástico é viver no vazio.
Levante-se. Rasgue o plástico com as mãos. Sinta o calor do sol queimando seus dedos. Deixe o jardim te consumir e te preencher. Porque, talvez pela primeira vez, você finalmente viverá.
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