Não há resposta que não fira, Não há verso que não rasgue o peito. Somos feitos de incêndios silenciosos, De um fogo que tanto aquece quanto consome.
Amamos como quem pisa em cacos, Cada passo ressoa um lamento cortante. A dor é irmã gêmea do êxtase, E juntos, dançamos na corda tênue da perdição.
Talvez sejam os dois, amor e dor, Misturados como veneno e cura, Nos levando pela mão a um destino cego, Um salto sem redes para o abismo do paraíso.
Caminhamos sem olhar para trás, Como loucos que amam seus próprios cárceres. Você me olhava e eu sabia— Não fugiremos, nem queremos.
Esse amor é nossa ruína, Mas também o céu pintado por nossas mãos. Se há um fundo no abismo, Que seja feito de estrelas, E que ao cair, toquemos o impossível.
E assim seguimos, entre beijos que cortam E abraços que selam feridas invisíveis. Rumo ao desconhecido, de olhos fechados, Para cair ou voar. Pouco importa— O paraíso sempre começa na queda.
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