Por Enéas Bispo
Adelaide era conhecida como a pessoa mais equilibrada da face da terra. Uma verdadeira lenda viva, um exemplo de estabilidade emocional que faria qualquer monge budista parecer um iniciante. Seu segredo? Ninguém sabia ao certo, mas rumores diziam que ela havia nascido durante um eclipse solar enquanto um grupo de libras equilibrava balanças em sua volta.
Ela nunca levantava a voz, mesmo quando encontrava uma barata fazendo a dança do ventre em sua salada. "É uma forma de proteína alternativa", ela diria, com um sorriso sereno no rosto. E quando o trânsito estava parado e ela estava atrasada para uma reunião importante? Adelaide simplesmente abria um livro de colorir e transformava o congestionamento em uma sessão de arte terapêutica.
Seu apartamento era um santuário de harmonia, com cada objeto meticulosamente colocado em perfeito alinhamento feng shui. Diziam que até as poeiras eram treinadas para se depositar simetricamente. E no trabalho? Bem, ela era a única capaz de digitar um relatório enquanto equilibrava um copo d'água na cabeça e resolvia um cubo mágico com os pés.
Mas o que realmente deixava todos perplexos era sua habilidade de manter a compostura mesmo nas situações mais caóticas. Uma vez, durante um incêndio no escritório, enquanto todos corriam em pânico, Adelaide foi vista organizando uma fila indiana e distribuindo máscaras de oxigênio com a eficiência de uma comissária de bordo.
Ah, Adelaide, a musa da moderação, a rainha do equilíbrio, a imperatriz da imparcialidade. Se houvesse um campeonato mundial de equilíbrio, ela seria a campeã indiscutível. Mas, claro, ela nunca competiria. Seria muito desequilibrado da parte dela.
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