Depoimento/Lição que colhi de uma exímia bordadeira de Monteiro-PB. இ
"Eu sempre gostei de bordar. Desde pequena, aprendi com a minha avó a arte de transformar tecidos em obras de arte com agulha e linha. Ela me ensinou que o segredo de um bom bordado é fazer um ponto firme, mas não apertado demais. Um ponto firme é aquele que mantém o desenho no lugar, sem deixar frouxo ou solto. Um ponto apertado é aquele que puxa o tecido, deformando o desenho e estragando o trabalho.
Eu cresci e continuei bordando, mas também aprendi que essa lição da minha avó se aplica a muitas coisas na vida. Um ponto firme não é um ponto apertado. Um relacionamento firme não é um relacionamento sufocante. Uma amizade firme não é uma amizade possessiva. Uma opinião firme não é uma opinião intolerante. Uma atitude firme não é uma atitude agressiva.
Muitas vezes, confundimos firmeza com rigidez, e acabamos perdendo a flexibilidade, a leveza e a harmonia. Queremos controlar tudo e todos, e acabamos nos isolando e nos frustrando. Queremos impor nossas ideias e nossos valores, e acabamos nos fechando e nos empobrecendo.
Eu acho que o mundo precisa de mais pontos firmes, mas não apertados. Precisa de mais amor, mas não ciúme. Precisa de mais diálogo, mas não imposição. Precisa de mais respeito, mas não medo. Precisa de mais paz, mas não guerra.
Eu continuo bordando, e tentando aplicar essa lição em tudo o que faço. Às vezes, erro o ponto, mas sempre tento consertar. Às vezes, me aperto demais, mas sempre tento me soltar. Às vezes, me afrouxo demais, mas sempre tento me firmar.
Um ponto firme não é um ponto apertado. É um ponto equilibrado, que une sem separar, que enfeita sem estragar, que valoriza sem exagerar.
É um ponto que faz bem ao tecido e à alma."
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