Texto/Foto: Enéas Bispo
Ela caminhava pelas ruas de São Paulo, observando as pessoas, os carros, os prédios. Tudo parecia normal, exceto por um detalhe: ela podia ver as cores das almas das pessoas. Cada uma tinha uma aura diferente, que refletia seu estado de espírito, sua personalidade, seu destino. Ela podia ver as almas tristes, cinzentas, as almas alegres, coloridas, as almas perdidas, escuras. Ela podia ver as almas que se encontravam, se reconheciam, se amavam. Ela podia ver as almas que se afastavam, se ignoravam, se odiavam.
Ela tinha esse dom desde que se lembrava. Não sabia como nem por quê. Só sabia que era diferente, que via o que os outros não viam. Ela não contava para ninguém, tinha medo de ser rejeitada, de ser chamada de louca. Ela se sentia sozinha, incompreendida. Ela queria encontrar alguém que a entendesse, que a aceitasse, que a amasse.
Um dia, ela viu uma alma diferente. Era uma alma branca, brilhante, pura. Era uma alma que parecia iluminar tudo ao seu redor. Era uma alma que atraía a sua atenção, que despertava a sua curiosidade, que tocava o seu coração. Ela seguiu essa alma, querendo saber quem era, o que fazia, como vivia. Ela descobriu que era um homem jovem, bonito, gentil. Ele trabalhava como médico em um hospital público. Ele ajudava as pessoas, salvava vidas, fazia o bem.
Ela se aproximou dele, tentando iniciar uma conversa. Ele a olhou com um sorriso, com simpatia, com interesse. Ele perguntou o seu nome, a sua idade, o seu trabalho. Ele disse que se chamava Gabriel, que tinha 27 anos, que era médico. Ele disse que gostava de ler livros de fantasia e realismo mágico. Ele disse que acreditava em coisas que os outros não acreditavam.
Ela sentiu uma conexão com ele, uma afinidade, uma esperança. Ela disse que se chamava Lúcia, que tinha 25 anos, que era professora. Ela disse que também gostava de ler livros de fantasia e realismo mágico. Ela disse que também via coisas que os outros não viam.
Ele ficou surpreso com a revelação dela. Ele perguntou o que ela via. Ela hesitou em responder. Ela tinha medo de assustá-lo, de perdê-lo, de magoá-lo. Mas ela também confiava nele, queria se abrir com ele, queria se entregar a ele.
Ela decidiu contar a verdade. Ela disse que via as cores das almas das pessoas.
Ele ficou em silêncio por um momento. Ele olhou nos olhos dela com intensidade. Ele disse:
- Eu também vejo.
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