Por ti!

Por ti escalei lágrimas para enxergar na tristeza os teus abismos.

Por ti renunciei sonhos, para aspirar na realidade as fantasias que tu destruíste.

Por ti acreditei nas promessas de que eu jamais encontraria um amor como o teu.

-Nem procures!

Tu fazias questão de repetir religiosamente esta frase todas as noites.

Por ti eu inventava estratégias para que não faltasse nenhuma matéria prima para tua felicidade, teu sorriso cotidiano.

Por ti eu acordava sempre cedo para servir o teu chá em porcelanas branquíssimas, todos os dias

Por ti renunciei noites, deixei de beber Whisky, enfrentei a fobia de casas vazias, escondi tuas mentiras e males de alguns momentos da tua companhia.

Ontem eu te segui pelas ruas da cidade, vestias vermelho e assisti tu comprares o Piccadilly tão desejado, após isso tu voltaste para casa em passos largos, fechaste a porta que separa a tua intimidade da rua; a porta que tantas vezes abriste para mim.

Ontem, não!

Texto/Foto: Enéas Bispo de Oliveira