Páginas

domingo, outubro 21, 2012

Génesis



De mim não falo mais: não quero nada.
De Deus não falo: não tem outro abrigo.
Não falarei também do mundo antigo,
pois nasce e morre em cada madrugada.
Nem de existir, que é a vida atraiçoada,
para sentir o tempo andar comigo:
nem de viver, que é liberdade errada,
e foge todo o Amor quando o persigo.
Por mais justiça... Ai, quantos que eram novos
em vão a esperaram  porque nunca a viram!
E a eternidade... Ó transfusão dos povos!
Não há verdade: o mundo não a esconde.
Tudo se vê, só não se sabe aonde.

Poema de: Jorge de Sena

Nenhum comentário:

Postar um comentário