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terça-feira, março 06, 2012

Miriam Madalena

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Essa mulher que na janela do palácio se debruça, é Miriam, de Betânia, chamada a Madalena. A um gesto mais vivo, desprendeu-se-lhe a negra cabeleira e lhe rolou pelas costas, como um sol cascateante.
De Betânia ela viera, a terra das palmeiras, para Magdala. Tem das palmeiras o flexível do talhe e um toque de verde profundo nos olhos largamente abertos, que reflectem agora um pouco do roxo molhado das águas do Lago Tiberíade, estendido a seus pés, tranquilo, sonolento.
Nos seus olhos de gata brava se extinguiu a doce nuance violeta do lago. Agora eles estão enigmáticos e ardentes, e seu talhe de palmeira verde jovem coleia nos vestidos à grega; está pintada e enfeitada para seduzir: é Miriam, a feiticeira – bela e audaciosa, como sempre foi.
Miriam está disposta a sorver o capitoso vinho da vida, na taça dos prazeres, até a derradeira vermelha gota embriagadora, doce, envenenada, quente, picante, vinha da vida e do amor.

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