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Literatura

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Sexus - Henry Miller

"Você não se lembra de que os mártires cantavam no momento em que ardiam na fogueira? Não viam nada desmoronando, não ouviam nenhum grito de dor. Cantavam porque estavam cheios de fé. Quem pode demolir a fé? Quem pode apagar a alegria? Muitos homens tentaram, em todas as épocas. Mas não conseguiram. Alegria e fé são inerentes ao Universo. No crescimento existem dor e conflito; na concretização , alegria e exuberância; na realização, paz e serenidade. Entre os planos e esferas da existência, terrestre e supra-terrestre, existem escadas e rótulas. Aquele que escala, canta. Fica embriagado e emocionado com as vistas que se vão desdobrando. Ascende com os pés firmes, não pensando no que está abaixo dele, para o caso de escorregar e perder o equilíbrio, mas no que tem à sua frente. Tudo está adiante de nós. O caminho é interminável, e quanto mais longe chegamos, mais a estrada se alarga. Os lamaçais e atoleiros, os pântanos e furnas, os poços e armadilhas estão todos em nossa cabeça. Espreitam e esperam, prontos para nos engolir no momento em que deixarmos de avançar. O mundo fantasmagórico é o mundo que não foi completamente conquistado. É o mundo do passado, nunca do futuro. Ir em frente apegando-se ao passado é como arrastar uma bola de ferro e cadeias. O prisioneiro não é aquele que cometeu um crime, mas o que se agarra a seu crime e o vive repetidas vezes. Somos todos culpados de crime, o grande crime de não vivermos uma vida plena. Mas somos todos potencialmente livres. Podemos não pensar no que deixamos de fazer e fazer aquilo que esteja dentro do nosso poder. O que possam ser esses poderes que existem em nós, ninguém ousou verdadeiramente imaginar. Que são infinitos nós conscientizaremos no dia em que admitirmos para nós mesmos que a imaginação é tudo. A imaginação é a voz da ousadia. Se existe algo de qualidade de Deus em Deus é isso. Ele ousou tudo imaginar."
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ZEROS E UNS - Sadie Plants

A nossa cultura é, na sua origem, definida como masculina e o desenvolvimento tecnológico foi crescendo à sombra dos sonhos produzidos pela testosterona. Sadie Plant argumenta que, pelo contrário, o suposto controle do Homem  sobre a Natureza foi seriamente posto em causa devido aos novos paradigmas científicos.
Zeros e Uns joga por terra o mito de que as mulheres são vítimas das mudanças tecnológicas. Com o tear ou com a máquina de escrever, com os computadores ou com as telecomunicações, o trabalho das mulheres tem vindo a acompanhar o desenvolvimento da era digital. Mais do que isso, as mulheres estão perfeitamente familiarizadas com as técnicas e as tecnologias que estão a revolucionar o mundo.
A velha cultura ficou para trás, ainda que, aparentemente, a realidade conspire a favor do Homem. Quando são os próprios computadores que desenham e programam  outros computadores, onde está a superioridade do Homem?
Zeros e Uns é um manifesto provocante e inspirador sobre as relações entre as mulheres e as máquinas nas, cada vez mais, feministas culturas do futuro.
Espantoso, espirituoso e perverso Zeros e Uns muda tudo.

BIZÂNCIO/Portugal
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A FÁBRICA DO BELO - Roger Vigouroux

Como surge o dom, o gênio artistico? Porquê Mozart, porquê Dostoievski, van Gogh?
Que se passa no cérebro de um homem que consagra a sua vida à escrita, à pintura, à música?
Como explicar o prazer de ouvir uma sinfonia, a emoção de contemplar um quadro, o gozo de ler um poema?
A criação e a percepção das obras de arte mobilizam a análise de malha fina e o poder de todo o cérebro.
Roger Vigouroux desmonta neste livro os mecanismos, as estruturas que permitem esta maravilha que se chama arte.
Das primitivas pinturas rupestres às grandes obras modernas, dos criadores de cérebro doente às crianças que tentam desenhar, o autor conduz-nos à pesquisa desses neurônios artistas que, talvez, constituam a nossa "alma".

Neurologista, psiquiatra, professor na Universidade de Marselha, Roger Vigouroux é também investigador no laboratório de antropologia da Universidade de Aix-Marseille II (Centre National de la Recherche Scientifique - CNRS).

DINALIVRO/Portugal
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SACANAS COM LEI - Rosa Ramos & Sílvia Caneco

Livro recheado de crónicas com histórias dos pequenos criminosos no banco dos réus. Ironia, humor e um jeito único que as autoras (Rosa Ramos e Sílvia Caneco)  têem de nos contar as histórias e nos colocar no cenário a observar tudo o que se passa e nos lembrar que os pequenos ou grandes criminosos têem sempre uma desculpa, que não convence, como é óbvio perceber. Portanto se você transita por Lisboa, fique esperto para não se transformar em personagem do próximo livro.

Oficina do Livro/Portugal
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OURO DO INFERNO - Eric Frattini

«Berlim, 1945: entre os escombros de uma capital arrasada, Hitler enfrenta as suas últimas horas de vida. Ou será que não?
Numa Europa devastada pela Segunda Guerra Mundial, o jovem seminarista August Lienart vê-se implicado numa operação de grande escala: uma organização enigmática tenta encontrar uma via de escape para os nazis e lançar os alicerces para a construção do Quarto Reich.
Quem estará por trás da sinistra organização secreta em cujas teias se enreda Lienart? Estará a Igreja Católica envolvida na fuga dos criminosos de guerra? Uma incrível e fascinante intriga, plena de suspense e mistério, até à última página.»
Ouro do Inferno, novo thriller do espanhol Eric Frattini, é lançado a 15 de Março pela Porto Editora, que já antes editara o seu romance O Labirinto de Água. Fratinni, especialista em terrorismo e colaborador da União Eurpeia nessa área, junta nesta sua nova ficção Nazis e o Vaticano, numa obra que borda o final da Segunda Grande Guerra, a morte de Hitler e os planos para a construção do Quarto Reich com a ajuda da Igreja Católica. Segundo o próprio autor, este livro «tem um terço de fantasia, um terço de realidade e um terço de recriação da realidade».

Livro de: Eric Frattini
Porto Editora/Portugal

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ISABEL ALLENDE

Nascida a 2 de Agosto de 1942, a escritora  chilena Isabel Allende, viu-se forçada a abandonar o país em 1973, na sequência  do golpe militar que vitimou Salvador Allende, primo do seu pai. Ainda no Chile, começou a trabalhar como jornalista, tendo entrevistado o escritor Pablo Neruda, também chileno, que lhe apontou o futuro: "Ele considerava que eu era a pior jornalista do Chile, porque não conseguia ser objetiva. Se não arranjasse uma boa história, provavelmente inventá-la-ia. Defeitos que na sua opinião poderiam resultar em virtudes na Literatura", conta a autora do romance best-seller A Casa dos Espíritos, publicado em 1982. Seguiram-se-lhe os livros De Amor e de Sombra (1984), Paula (1994), A Cidade dos Deuses Selvagens (2002), O Reino do Dragão de Ouro (2003), O Bosque dos Pigmeus (2004), Zorro, O Começo da Lenda (2005), A Ilha Debaixo do Mar (2009) e, mais recentemente, O Caderno de Maya. Após a morte da sua filha Paula criou a Fundação Isabel Allende (www.isabelallendefoundation.org), com o propósito de a homenagear, através do financiamento de diferentes programas de ajuda a mulheres e crianças, nas áreas da saúde, educação e proteção, em alguns dos países mais pobres do mundo.
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O CADERNO DE MAYA - a mais recente obra de Isabel Allende.
Maya é uma adolescente, boa aluna, que foi criada pelos avós. Aos 16 anos, o avô, que ela adorava, morre e a avó entra em profunda depressão. Maya sente-se perdida, abandonada e perde o rumo da vida. Vive na rua, consome drogas e álcool e convive com criminosos.
O tema droga é familiar na vida de Isabel Allend, os três filhos do seu marido são dependentes. E convivi com a tragédia da droga em todos os seus aspectos: a prisão, a rua, a enfermidade, a morte e também a reabilitação. Por tudo isto, abordar o tema no seu recente romance foi doloroso, mas não difícil, uma vez que o conhece tão bem.
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O QUE É PRECISO SABER SOBRE LITERATURA

Por Carlos Reis*

Sobre literatura preciso de saber várias coisas.
Preciso de saber que a literatura não se reduz aos textos escritos: para além deles, a literatura foi e em certos momentos ainda é, oral, ou seja, palavra dita, declamada e cantada, independentemente da fixação escrita. Foi assim sobretudo no passado e em especial no passado do passado: na Antiguidade Clássica. Foi assim também nas comunidades de cultura popular, em que os textos circulavam de boca em boca - ou de memória em memória. Também por isso, esses textos, muitas vezes em verso, obedeciam a ritmos que ajudavam o trabalho da memória.
Convém saber também que, com o passar dos tempos, a literatura se foi refinando e dependeu cada vez mais da escrita, o que aconteceu em relação direta com a evolução das línguas. Por exemplo: as línguas novilatinas, nas quais  se integra o português e a literatura dita e escrita em português. O refinamento de que aqui se fala tem que ver com a incorporação da literatura e dos escritores em comunidades que progressivamente foram cultivando a presença e a função, não rato «decorativa», dos textos literários: nas cortes, nas casas dos poderosos, nas academias.
Se falamos da literatura a que chamamos ocidental e que, evidentemente, não é toda a literatura, importa saber que, sobretudo a partir do século XV, ela tendeu a emancipar-se. Sendo certo que então ela era de certa forma dependente - com frequência o escritor dedicava os seus textos a quem o protegia ou a quem o publicava -, a literatura foi cada vez mais incômoda, como, aliás, é próprio da sua natureza: sendo crítica, satírica ou doutrinária, a literatura dialogo com o seu tempo, muitas vezes em registo de subversão.
É PRECISO DE SABER OUTRAS COISAS - Por exemplo: que a partir da invenção da imprensa de caracteres móveis, a literatura ganhou um impulso de divulgação que acentuou a sua capacidade para participar nos movimentos sociais e nas transformações culturais. Não mais (ou cada vez menos) a difusão da literatura dependia de cancioneiros manuscritos, recolhas em que às vezes os poemas iam sofrendo alterações.
Preciso de saber também que a grande revolução ocorre, desde que, no século XVIII, se industrializa a produção do livro. Assim, o que antes era o leitor passa a ser o público, esse que compra livros (ou até aluga livros, como no séc. XIX se fazia), para leitura de desfastio ou com propósito de aculturação. É então sobretudo que a literatura se institucionaliza: as tertúlias, os prêmios, os estudos críticos e de história literária abrem à literatura e ao escritor um amplo campo de influência. E dão-lhe, em certos momentos, considerável poder simbólico.
MAS A LITERATURA NÃO É IMUTÁVEL - Ela tem-se escrito em vários gêneros literários, em distintas formas poéticas, em diversos estilos de época. E à medida que vai interagindo com a história e com a cultura do seu tempo, a literatura chega a configurar movimentos com um certo grau de diferenciação: por isso falamos em romantismo e em realismo, em naturalismo e em modernismo, em neorrealismo e em pós-modernismo. E assim por diante.
Por fim: preciso de saber que a morte da literatura foi várias vezes anunciada. E que, no livro ou no blogue, em papel ou em formato digital, ela está bem e recomenda-se porque a sua morte tem sido sempre uma notícia claramente exagerada.

*Carlos Reis, nasceu em 1950 e é professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra/Portugal, onde ensina Literatura Portuguesa e Teoria da Literatura. Diretor da Biblioteca Nacional entre 1998 e 2002, é autor de numerosos estudos sobre a obra de Eça de Queirós, de que é um dos maiores especialistas. Tem-se ainda destacado por ser um dos principais defensores do Acordo Ortográfico.


O Artigo acima foi publicado pela Revista Visão/Portugal - www.visao.pt

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Paixão, ciúmes, mortes e nenhum ensaio 


MARIA ISABEL BORJA * 
JORNAL DO BRASIL 


UM VENENO CHAMADO AMOR: ENSAIOS SOBRE PAIXÕES, CIÚMES E AMORES 
Carmen Posadas 
Objetiva, 172 páginas 

Acaso alguém verá mal em venderem-se canetas esferográficas descartáveis ou guarda-chuvas de R$ 3 que se desmancharão na primeira rajada de vento mais violenta, mas quebram o maior galho na hora do aperto? Como canetas descartáveis servem aos que não dão muito valor às montblancs da vida, porque sabem que as perderão na primeira oportunidade, e os tais guarda-chuvas parecem uma bênção caída do céu quando começam a brotar nas mãos dos camelôs no centro da cidade, Um veneno chamado amor, de Carmen Posadas, também pode ter lá o seu valor como produto. Não resistirá a mais de cinco minutos após a leitura, mas pode divertir os muitos apreciadores de revistas sobre celebridades e amantes de enlatados americanos ''baseados em fatos reais''. 
Todo, ou quase todo, o mal de Um veneno chamado amor está no subtítulo: ''Ensaios sobre paixões, ciúmes e mortes''. E o problema não está nas paixões nem nos ciúmes nem na morte, mas em chamar-se ''ensaio'' a algo que poderia ser, no máximo, uma crônica ligeiramente envernizada com eventuais citações eruditas. Para pretender-se ensaísta, falta à autora, ao menos nessa obra, objetividade, compromisso com a coerência e, sobretudo, profundidade, capacidade de duvidar de suas próprias afirmações. Por outro lado, o livro não deixa de ser a testemunha fiel das idéias sobre amor e paixão que circulam hoje nas mesas de qualquer botequim. Em entrevista a uma revista espanhola, Posadas afirmou considerar que o essencial para um escritor era ''ser testemunha de seu tempo''. Se avaliarmos seu livro a partir disso, não poderemos negar-lhe o mérito: todos, absolutamente todos, os lugares-comuns contemporâneos sobre amor e paixão estão ali. 
Já no prólogo, a autora anuncia o tom impressionista e melodramático, ainda que bem-humorado, que acompanhará o leitor dali para frente: ''Porque amei e sofri, interessei-me por aquelas mulheres e homens que foram capazes de atos e comportamentos totalmente irracionais por amor (...)''. Mas, no início do primeiro capítulo, a autora parece propor algo um pouco mais consistente cotejando definições e descrições de filósofos, escritores e compositores de bolero (o que não deixa de dar um certo colorido e interesse à explanação). Como seria de se esperar, ao final do capítulo não se chega a conclusão alguma, exceto a de que amor e paixão são coisas diferentes, embora não se saiba exatamente o que são. Até aí, nada que o leitor mais simplório já não soubesse antes de começar a ler. Ainda assim, esse é o melhor capítulo do livro. Ilustrado com algumas curiosidades históricas, como a ''Igreja do Amor'' dos cátaros, o texto ganha alguma sustentação e objetividade, e, com algum esforço e boa vontade, o leitor poderá até farejar uns resquícios da clareza de raciocínio que costuma dar brilho ao discurso de espanhóis e franceses. 
Daí para frente, o que há é uma sucessão de episódios trágicos destinados a provar que a paixão, um mito estabelecido no século 12, é o caminho mais curto para o crime e a loucura. A tese não é nova e alguns pensadores ilustres, vários deles citados pela autora, já escreveram bastante sobre o assunto. Contudo, Posadas não quer provar coisa alguma, não se detém numa linha de raciocínio e atira em todas as direções, dissecando as agruras dos apaixonados de todos os tempos. A seleção dos episódios que, à falta de tese, recheiam o texto com assombrosa fartura, não obedece a nenhum critério, exceto o de conterem rios de lágrimas e bastante sangue. Histórias reais e lendas, enredos do cinema e da literatura, tudo se mistura no mesmo saco. Não há análise, mas tão-somente interpretação. Interpretação, que, aliás, desconsidera qualquer outro elemento da vida das personagens além paixão. Não importa averiguar se o apaixonado sangüinário apresentava outros traços de demência, se fora espancado pelos pais na infância ou descendia de gerações de lunáticos. Para Posadas, o único aspecto relevante de sua biografia é a paixão. 
Sem abandonar esse caminho, o último capítulo, ''Do amor ao ódio'', surge enfeitado com certo feminismo de butique sustentado por afirmações peremptórias sobre o desejo de posse masculino e a complacência feminina, para as quais a autora não parece necessitar de qualquer comprovação. ''Em qualquer lugar do mundo os homens têm um instinto de posse muito desenvolvido com relação à mulher com quem dividem a vida e a cama'', ''É bem verdade que a mulher de hoje luta para conquistar o homem por quem se interessa, mas a traição ou o abandono não desperta nela a necessidade de afirmar seu direito de propriedade sobre o ser amado''. Será? Melhor não discutir, Carmen Posadas assim o quer. 
Isto posto, a autora conclui, surpreendentemente para quem acaba de ler o registro de dezenas de suicídios, homicídios e mergulhos na loucura, que uma paixãozinha de vez em quando não é assim tão má e é mesmo essencial para temperar a rotina do amor. Antes de terminar seu livro, Posadas não se furta a oferecer um último conselho: ''Champanhe e lingerie ousada''. 
Seja como for, Um veneno chamado amor deve ser um sucesso de vendas, e talvez muito mais interessante do que criticar o texto seja empreender a análise do produto editorial e de seu provável sucesso. Gostemos ou não dessa mistura, o fato é que a autora consegue diluir porções de antropologia, sociologia, filosofia e psicanálise de bolso numa seqüência de formidáveis story lines para roteiros televisivos. E, isso tudo, no molho de um texto inegavelmente fluente, leve e bem-humorado. (Admitamos: é preciso ter talento para dar leveza ao relato dos mais cruéis tormentos passionais!). Além do mais, não obstante o risco de emprestar munição à imaginação de alguns psicopatas apaixonados, não é impossível que o livro ajude alguém a sair da fossa, cumprindo com eficiência o papel da auto-ajuda, porém nunca o do ensaio. 
Nesses tempos em que os espanhóis, donos de uma das mais conceituadas e prósperas indústrias editoriais do planeta, começam a lançar suas âncoras em nossa costa, talvez seja útil compreender que só muito raramente, aqui ou no tal Primeiro Mundo, a chamada alta literatura é popular. Seja onde for, incluindo-se aí países com uma notável tradição literária, como a Espanha, a grande literatura é majoritariamente financiada por obras de qualidade literária discutível, mas extremamente bem-cuidadas como produto comercial. Por mais contraditório que possa parecer, é bastante provável que, no momento em que os nossos editores comecem a fabricar nossas próprias Carmen Posadas, com o mesmo esmero que europeus e americanos, os grandes autores nacionais possam também conquistar o lugar que merecem. Afinal, não dizem os homeopatas que, na dose certa, o veneno pode provocar a cura? 


* Maria Isabel Borja é mestre em Literatura 

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A VIRGEM E O CIGANO


David Herbert Lawrence nasceu em Nottingham, no dia 11 de Setembro de 1885, e morreu em Vence, no ano de 1930. Escritor cuja obra pertence ao estilo modernista, escreveu vários contos, romances, poemas e também peças de teatro. Destacou-se entre os escritores da época graças aos temas muito controversos cujas suas obras abordavam, como por exemplo o tema da sexualidade.
“A Virgem e o Cigano” é um conto escrito em 1926, mas publicado após a morte do autor. Narra a história de duas irmãs, filhas de um vigário da igreja anglicana, que vivem sob o domínio opressivo de uma avó cega. Num belo domingo as irmãs, Lucille e Yvette, decidem ir passear com os seus amigos e admiradores. É durante esta viagem que Yvette, a irmã mais nova, conhece um cigano que se torna muito especial, pela forma como a faz sentir.
Este conto aborda o tema da descoberta da sexualidade e da sensualidade pela qual todas as pessoas passam, sendo para a época um tema controverso.
Apreciei bastante esta história, que, apesar de curta, consegue trazer ao leitor o desejo de ler mais obras de D.H.Lawrence.